Tecnologia: explosão de uso, estilhaços de perigo

Telemóveis topo de gama, auscultadores sem fios de potência elevada. Estas foram as tendências para jovens durante o recente período de isolamento. Tecnologia em alta, é verdade, mas com elevados riscos.

O confinamento motivado pela pandemia de covid-19 obrigou crianças e adolescentes a passarem mais tempo em casa devido ao encerramento temporário dos estabelecimentos de ensino. Afastados de amigos e colegas, passaram a escolher os telemóveis como meio privilegiado de contacto. E não só. Muitos foram os pais que durante este período presentearam os filhos com novos aparelhos, até porque os consideram meios privilegiados de busca de informação para matéria de estudo em ambiente doméstico. Um fenómeno que surpreendeu o mercado. “As vendas multiplicaram-se para números aproximados aos do período de Natal”, confirma Liliana Martins, da Tekphone, espaços físicos no Porto e em Rebordosa (Paredes) e loja online para todo o país.

A Apple tem sido, também, a favorita dos mais novos na hora de escolher novos auscultadores. Os AirPods são maioritariamente os preferidos. “Também se registou uma subida significativa destas aquisições desde o surgimento da pandemia”, avança Liliana Martins.

Com o uso massivo destes aparelhos, surgiram perigos que apenas um uso cuidado pode evitar. “No que diz respeito aos headphones, o aconselhável é que os jovens utilizem os chamados auscultadores de cabeça, que se ajustam adequadamente e permitem que a intensidade sonora não seja tão agressiva”, explica Carla Pinto de Moura, médica otorrinolaringologista do Centro Hospitalar São João, no Porto. “As células internas do aparelho auditivo não se renovam, logo os traumatismos graves são irrecuperáveis e podem começar a ser sentidos no início da vida adulta”, adverte.