Suspensórios: do ladrão ao médico e ao ditador

Hoje vistos mais como apontamento de estilo, os suspensórios são protagonistas de uma história longa, onde até um larápio belga entra.

Descobrir uma data exata para a invenção dos suspensórios parece ser missão mais penosa do que segurar calças largas sem eles. Há quem defenda que os primeiros remontam à França do século XVIII (na altura, eram apenas tiras de fita presas às casas dos botões das calças), há quem garanta que Benjamin Franklin, um dos “pais” dos EUA, já os usava e há até quem atribua o seu aparecimento a um ladrão belga. Reza a lenda que as moedas que guardava nos bolsos lhe pesavam de tal forma que o larápio se deparava com dificuldades acrescidas para se escapar a alta velocidade do local do furto. Vai daí, terá decidido aplicar umas alças para prender as calças. A ocasião fez o suspensório?

O que é consensual é que foi o designer britânico Albert Thurnston quem começou a produzir os primeiros suspensórios modernos. Estávamos em 1820, época em que abundavam as calças de cinta subida – tão subida que dificilmente poderiam ser seguradas por cintos. Os primeiros acessórios deste género formavam um H nas costas, mas depressa evoluíram para o X (e mais tarde para o Y). Já a primeira patente dos mesmos foi registada em 1871, por Samuel Clemens. Três anos depois, eram inventados os fechos de metal.

Popularizados por estrelas de cinema e não só – o próprio Hitler usou-os desde criança e ainda hoje são imagem de marca dos barmen do Oktoberfest -, recomendados por um famoso médico de Chicago (para pacientes com barrigas bem avantajadas), os suspensórios quase desapareceram dos armários durante os anos 1990, muito por culpa do boom das calças de ganga. Voltariam, contudo. Ainda que hoje sirvam mais como apontamento de estilo do que como acessório utilitário.