Sensores contra as quedas dos idosos

Os testes em idosos estão a começar agora e prolongam-se até meados de dezembro (Foto: Rui Oliveira/Global Imagens)

O envelhecimento afeta a mobilidade, a força muscular e o equilíbrio. Num cenário de crescimento da população com mais de 65 anos, um projeto nacional quer ajudar os cuidadores.

Os dados são reveladores do presente e do futuro. Nos últimos 40 anos a população idosa portuguesa duplicou. Atualmente, representa uma fatia de 17,1%, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística. Em 2050 a percentagem poderá chegar aos 32%. Portugal está a caminho de se tornar o quarto país da União Europeia com mais idosos. E as projeções tendem a agudizar-se com o passar das décadas. Cenário mais do que previsível para essa faixa etária: redução da mobilidade, menor força muscular e perda de equilíbrio. Resultado: quedas, quedas, quedas. Todos estes fatores serviram de ninho ao projeto FRADE – plataforma holística de deteção, avaliação e prevenção de risco de queda -, um sistema que permite detetar, avaliar e prevenir quedas em idosos através da utilização de sensores vestíveis que monitorizam os movimentos e, dessa forma, traçam uma estimativa do risco de tombos, enviando um alarme e uma mensagem ao cuidador, sempre que essa situação aconteça de facto.

O FRADE é uma solução com diversos componentes. O tal sensor vestível que é usado nas pernas; uma aplicação para desktop que permite a avaliação do risco de queda; uma aplicação para tablets Android; e uma plataforma web com visualização de dados por parte do cuidador, que os poderá monitorizar online.

A aplicação para tablets disponibiliza ainda uma série de exercícios de prevenção de quedas, reconhecidos por profissionais de saúde, que possibilita acompanhar o desempenho e avaliar o progresso do idoso. O projeto, que tem selo português, resulta de uma parceria entre o centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS e a Escola Superior de Enfermagem do Porto, em colaboração com o EIT Health RIS Hub, da Universidade do Porto.

À “Notícias Magazine”, Joana Silva, engenheira biomédica e investigadora do Fraunhofer, recorda que o FRADE está em fase de avaliação. “Os testes em idosos estão a começar agora e prolongam-se até meados de dezembro.” O objetivo é que, a longo prazo, dependendo da resposta que a equipa obtenha, “seja possível o licenciamento dos resultados do projeto para que uma empresa possa fazer comercialização do sistema para centros de dia, por exemplo, ou mesmo diretamente para os idosos”.

Parte da equipa que desenvolveu o projeto FRADE: Jorge Ribeiro (à esquerda), Joana Silva e Carlos Resende, investigadores
(Foto: Rui Oliveira/Global Imagens)