O envelhecimento afeta a mobilidade, a força muscular e o equilíbrio. Num cenário de crescimento da população com mais de 65 anos, um projeto nacional quer ajudar os cuidadores.
Os dados são reveladores do presente e do futuro. Nos últimos 40 anos a população idosa portuguesa duplicou. Atualmente, representa uma fatia de 17,1%, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística. Em 2050 a percentagem poderá chegar aos 32%. Portugal está a caminho de se tornar o quarto país da União Europeia com mais idosos. E as projeções tendem a agudizar-se com o passar das décadas. Cenário mais do que previsível para essa faixa etária: redução da mobilidade, menor força muscular e perda de equilíbrio. Resultado: quedas, quedas, quedas. Todos estes fatores serviram de ninho ao projeto FRADE – plataforma holística de deteção, avaliação e prevenção de risco de queda -, um sistema que permite detetar, avaliar e prevenir quedas em idosos através da utilização de sensores vestíveis que monitorizam os movimentos e, dessa forma, traçam uma estimativa do risco de tombos, enviando um alarme e uma mensagem ao cuidador, sempre que essa situação aconteça de facto.
O FRADE é uma solução com diversos componentes. O tal sensor vestível que é usado nas pernas; uma aplicação para desktop que permite a avaliação do risco de queda; uma aplicação para tablets Android; e uma plataforma web com visualização de dados por parte do cuidador, que os poderá monitorizar online.
A aplicação para tablets disponibiliza ainda uma série de exercícios de prevenção de quedas, reconhecidos por profissionais de saúde, que possibilita acompanhar o desempenho e avaliar o progresso do idoso. O projeto, que tem selo português, resulta de uma parceria entre o centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS e a Escola Superior de Enfermagem do Porto, em colaboração com o EIT Health RIS Hub, da Universidade do Porto.
À “Notícias Magazine”, Joana Silva, engenheira biomédica e investigadora do Fraunhofer, recorda que o FRADE está em fase de avaliação. “Os testes em idosos estão a começar agora e prolongam-se até meados de dezembro.” O objetivo é que, a longo prazo, dependendo da resposta que a equipa obtenha, “seja possível o licenciamento dos resultados do projeto para que uma empresa possa fazer comercialização do sistema para centros de dia, por exemplo, ou mesmo diretamente para os idosos”.