Sabão azul: o poderoso desinfetante

O sabão azul é um desinfetante de respeito, recomendado por quem percebe do assunto (Foto: Gonçalo Villaverde/Global Imagens)

Remove nódoas difíceis, faz bem à pele, elimina impurezas de superfícies e tecidos. O sabão azul tem séculos de vida e hoje anda nas mãos de quase toda a gente.

A receita tradicional mistura oleína de azeite, óleo de coco refinado e sebo branqueado. O fabrico inclui vários reagentes, aparas de produções anteriores, cozedura de algumas horas a alta temperatura, verificação da viscosidade e alcalinidade, corante que dá a tonalidade azul. Saponificação é o nome técnico de tão complexa reação química. O processo de cura e secagem pode demorar 10 a 15 dias no verão, depois é cortado em barras e embalado para chegar à clientela. É um resistente no admirável novo mundo de tantos detergentes. Não é por acaso.

Surgiu na Antiguidade, ganhou estatuto na era moderna, começou a ser produzido em massa durante a revolução industrial. Não se sabe o nome de quem inventou o sabão, há vestígios aqui e ali antes de Cristo nascer, e suspeitas de que o coalho branco que flutuava nas fervuras de gordura animal com cinzas tenha sido o clique para uma descoberta feita ao acaso, a partir de uma matéria intrigante. De experiência em experiência, o sabão azul tornou-se um forte aliado da higiene doméstica. E não só.

Lava bem o corpo, torna a pele mais sedosa, tira nódoas difíceis da roupa, é recomendado para a higiene íntima feminina, chegou a ser usado para desinfetar blocos operatórios, laboratórios farmacêuticos, mãos de médicos e enfermeiros. Nasceu para lavar e limpar, tem resistido à concorrência, os seus ingredientes encaixam-se numa alquimia que potencia todo o seu poder para limpar em profundidade e eliminar impurezas de superfícies, panos, pele.

As suas propriedades antibacterianas e adstringentes, implacáveis na higienização e hidratação, não passam despercebidas e saltam para a linha da frente nesta luta em cenário de pandemia. O sabão azul é um desinfetante de respeito, recomendado por quem percebe do assunto. O sabão do tempo das avozinhas, dos tanques de pedra, está em força na lavagem das mãos, lado a lado com os géis desinfetantes. Sabe-se também que é um bom desmaquilhante, que previne o acne, substitui a espuma de barbear, controla a produção de óleo capilar, branqueia roupa amarelada, elimina microrganismos que não são bem-vindos e ainda bate o pé a agentes infeciosos. Uma preciosidade barata nos dias que correm.

Pedaços de histórias

  • A descrição de um produto feito com gordura animal foi descoberta num cilindro de argila na Babilónia, mais de dois mil anos antes de Cristo.
  • Água, álcali e óleo de canela da china eram os ingredientes referidos numa das mais antigas fórmulas de sabão.
  • Os egípcios banhavam-se numa mistura de óleos animais e vegetais, sais alcalinos, uma substância parecida com o sabão.
  • No século XIII, o sabão era recomendado pelos médicos e o seu uso no banho generalizou-se.
  • Nos séculos XV e XVI, a produção de sabão em Portugal esteve nas mãos dos reis. O fabrico caseiro para uso doméstico era proibido.
  • A composição química das gorduras do sabão foi apurada nos séculos XVIII e XIX.