Arguido do ano
Rui Pinto é acusado de um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, um de sabotagem informática e outro de tentativa de extorsão. O início do julgamento está marcado para 4 de setembro, no Tribunal Central Criminal de Lisboa.
Nas mãos de Van Dunem
Estratégia Nacional Contra a Corrupção. Assim foi designado o programa anunciado em dezembro passado pela ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, que criou um grupo de trabalho liderado pela penalista Maria João Antunes para colaborar com o Governo. O primeiro-ministro revelou no Parlamento, no final de julho, que o plano será apresentado oficialmente durante o mês de setembro.
Delação premiada (e polémica)
A possibilidade de delação premiada foi uma das que mais controvérsia levantou. Tal como acontece em vários países, a ideia é possibilitar que um arguido que colabore com a Justiça ao denunciar outros alegados prevaricadores, tal como sucede com Rui Pinto, seja compensado com redução da pena. “Estamos a trabalhar para transpor a diretiva europeia em conjunto com toda a legislação relativa ao pacote anticorrupção”, confirmou, em janeiro, Francisca Van Dunem. A medida foi contestada pela Ordem dos Advogados.
“É necessário melhorar as condições que permitam uma melhor colaboração na descoberta da verdade”
Francisca Van Dunem
Ministra da Justiça
(junho de 2020)
18,2 mil milhões de euros
é o valor anual de receita perdida pelo Estado devido a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O cálculo é dos especialistas que integram o grupo de trabalho que trabalha com o Ministério da Justiça na elaboração do pacote anticorrupção.
Ponto a ponto
São oito as linhas orientadoras do pacote anticorrupção:
- Instituir um relatório nacional anticorrupção.
- Avaliar a permeabilidade das leis aos riscos de fraude.
- Diminuir as complexidades legais e a carga burocrática.
- Obrigar as entidades administrativas a aderir a um código de conduta ou a adotar códigos de conduta próprios.
- Dotar algumas entidades administrativas de um departamento de controlo interno que assegure a transparência e a imparcialidade de procedimentos e decisões.
- Melhorar os processos de contratação pública.
- Reforçar a transparência das contas dos partidos políticos.
- Obrigar as médias e grandes empresas a disporem de planos de prevenção de riscos de corrupção e infrações conexas.
Tribunais especializados
O pacote prevê que sejam criados tribunais especiais focados em crimes de corrupção e com juízes especializados. Está ainda a ser estudada a possibilidade de separar megaprocessos em processos mais reduzidos.