Vestir originalidade. Quer seja de pijama, roupa casual ou em ocasiões especiais. É este o desafio da matchy matchy, uma tendência que une gerações na moda e molda o tecido consoante os gostos de uma família. De norte a sul do país, desenham-se peças à medida de miúdos e graúdos. Nas lojas abundam modelos lisos, estampados ou axadrezados. Há coleções para irmãos, para pais e rebentos e até para avós e netos. A tendência não é nova. Segue o ciclo da moda, replicando costumes. Nos anos 1980, já o tema merecia destaque nas séries televisivas americanas, para classes sociais mais abastadas.
“As crianças foram sempre pequenas réplicas dos adultos. Isso muda nos anos 50, muito por causa da retoma económica do pós-guerra que exponenciou o consumismo, e pela grande dose de libertação oferecida por uma nova musicalidade: o rock and roll. Os jovens sentem uma forte necessidade de comunicar a sua imagem em rotura com a imagem adulta e aprumada dos pais”, contextualiza Katty Xiomara. Na Coreia do Sul, revela a designer de moda, os namorados vestem-se de igual. No quotidiano e nos seus encontros.
Em Portugal também não faltam fãs da tendência. Principalmente pais e filhos. E sendo área em crescimento, as marcas investem em produtos. A Puzzle Family vende conjuntos para toda a família. Criada há um ano, diz querer celebrar o amor, a união e a partilha através da forma de vestir. Na confeção dos produtos, usam-se malhas de luxo. “Os pais ficam vaidosos ao ver o filho vestido de igual. Sentem orgulho e isso espelha um bom relacionamento familiar”, teoriza Pedro Guedes, responsável de marketing.
Em Gondomar há a Baby Pop It. A loja online nasceu com o intuito de vender artigos de decoração para quartos de criança. No entanto, a pedido das mães, passou a produzir roupa segundo o conceito matchy matchy. Cada peça é idealizada de acordo com as preferências do cliente.
Rumo a Guimarães, a Wolf & Rita tem o foco na moda infantil. Ainda assim, qualquer peça pode ser reproduzida para adultos. “Vestir igual demonstra personalidade, segurança e cria uma maior ligação e cumplicidade entre pais e filhos”, defende Cláudia Rocha, uma das fundadoras da Wolf & Rita.
Manter a individualidade
No seio de um universo tão vasto como o do pronto-a-vestir, a procura por modelos personalizados para a família pode ajudar a reforçar o “contexto de união familiar” ou “destacar-se da homogeneidade social usando uma homogeneidade seletiva”, sublinha Katty Xiomara. Certo é que a uniformização dos padrões não deixa camuflada a personalidade. Aliás, há diretrizes para desalinhar um look coordenado: “Quando a individualidade é forte, encontra forma de se destacar, usando calças arregaçadas, apertando mais ou menos os botões da camisa e usando a camisa por fora ou por dentro [das calças, da saia ou dos calções]”.