Regresso às aulas em dez lições

1 – MOTIVAÇÃO É MEIO CAMINHO ANDADO
Até lhes pode dar uma mochila de marca, mas se lhes disser que, no seu tempo, achava as aulas uma seca, o mais certo é os seus filhos irem para a escola contrariados. E esse é capaz de ser um objetivo que não quer alcançar. Se os quer motivados e bem-dispostos desde o primeiro dia, folheiem os manuais recém-comprados, explorem as novas disciplinas, conversem sobre receios e dúvidas e reforcem o quanto eles já aprenderam. Importante é também, segundo os especialistas, estabelecer pequenos objetivos, para além da omnipresente passagem de ano. Exemplos? Melhorar a letra ou dar menos erros.

2 – DEITAR CEDO E CEDO ERGUER…
Não interessa se têm sono ou não têm sono, as crianças em idade escolar devem ir para a cama cedo e dormir muito. Porquê? Para terem um sistema imunitário saudável, crescerem devidamente e desenvolverem ao máximo as capacidades cognitivas. Os especialistas falam numa média de 10 a 12 horas de descanso diário, o que significa que pelas 21h00, mais coisa menos coisa, já devem estar deitadas. Depois, o rendimento escolar também ganha com as horas de sono. Um estudo da Universidade do Minnesota, nos EUA, mostrou que os alunos de notas 5 dormiam mais 15 minutos do que os de classificações 4 e estes cerca de mais dez minutos do que os de nota 3. Afinal, já não basta a tirânica falta de descanso a que os adultos são sujeitos?

3 – ECRÃS EM DOSE Q.B.
Televisão, computador, telemóvel — qual é o jovem que vive hoje sem eles? Apesar de cada vez mais tarefas escolares recorrerem às novas tecnologias, cada família deverá ter, bem claras, as regras de utilização no período de aulas. Vários estudos têm demonstrado o lado negativo destas modernas companhias, com o Departamento de Saúde do Reino Unido a avisar: «Passar demasiado tempo em frente ao ecrã está a ter um impacto negativo nas crianças, reduzindo a sua autoestima e o seu sentimento de felicidade. Além disso, pode aumentar-lhe o stress emocional, a ansiedade e a depressão.» Assim, os especialistas alertam que os ecrãs, além de serem desligados, no mínimo, 30 minutos antes de dormir, devem ficar fora dos quartos dos mais novos. O mesmo vale para os telemóveis.

4 – COM AS COSTAS NÃO SE BRINCA.
Como na maioria das escolas portuguesas não há cacifos, os miúdos andam com os livros às costas, o que corresponde, nalguns dias, a uns respeitáveis quilos. Daí ser essencial a escolha de uma mochila adequada à estatura da criança, com alças largas e acolchoadas e que vazia não seja já demasiado pesada, ou seja, tenha mais de meio quilo. Anote: carregada, a mochila não deve exceder 10% do peso do seu filho e nunca deverá ser transportada na mão ou num só ombro. Para os mais pequenos, as malas com rodas são uma boa alternativa, desde que não esqueça a regra do peso. Fundamental é ainda ensiná-los a sentarem-se corretamente, nas aulas ou ao computador. Lembre-se: muitos dos futuros problemas nas costas começam na infância.

5 – NO COMER SAUDÁVEL ESTÁ O GANHO
Eles gostam de coisas açucaradas, mas isso não significa que lhes permita passar o dia a comê-las. O açúcar, e outros produtos saturados e processados, como snacks doces e salgados ou refrigerantes, além de serem um rastilho para a obesidade e doenças associadas, como a diabetes, comprometem seriamente o rendimento escolar ao prejudicarem a concentração e não fornecerem os nutrientes essenciais a uma boa capacidade cognitiva. Não os mande nas merendas e controle o recurso às máquinas de venda automática. Dê preferência aos almoços na cantina, com sopa, prato quente e uma peça de fruta. E não esqueça que o pequeno-almoço é sagrado, sobretudo para quem anda na escola.

6 – MEXER FAZ BEM
Tirá-las do quarto pode não ser fácil, mas compensa. Está provado que as crianças que praticam exercício físico não só são mais saudáveis e desenvoltas a nível motor como têm maior rendimento escolar. Um estudo realizado pela portuguesa Faculdade de Motricidade Humana, ao longo de cinco anos junto de mais de três mil alunos, concluiu que os estudantes do 3.º ciclo com aptidão cardiorrespiratória saudável tiveram melhores resultados a Matemática e Português. Mais: no geral, as crianças sem restrições cardiorrespiratórias e adeptas do desporto apresentaram um maior somatório das notas a Português, Matemática, Ciências e Inglês. Porquê? Uma das explicações, segundo esta e outras investigações, está no aumento da autoestima, autonomia, motivação e relacionamentos positivos.

7 – CONTRA VÍRUS E BACTÉRIAS VALE PREVENIR
Cansado de ver o seu filho atacado por maleitas assim que põe os pés na escola? Ensine-lhe algumas medidas de prevenção contra contágios, como lavar sempre as mãos, com bastante água e detergente, antes das refeições e depois de visitar a casa de banho, tossir ou espirrar. Ponha também uma embalagem de lenços de papel na mochila e diga-lhe para os deitar fora após a utilização. Assegure-se ainda de que ele não partilha garrafas de água ou outras bebidas com os colegas. E, claro, dê-lhe alimentos ricos em vitaminas protetoras do sistema imunitário. Por exemplo, laranjas, brócolos ou bagas vermelhas ricos em vitamina C.

8 – A MELHOR AJUDA É A DOS PAIS
Os pais têm pouco tempo, mas, apesar de garantirem explicações ou atividades de tempos livres, não há como a ajuda deles aos olhos dos filhos. Os especialistas referem a importância dos trabalhos de casa feitos em conjunto ou acompanhados de perto, dependendo da idade, como meio de fortalecer o gosto das crianças pela aprendizagem. Atenção: isto só é válido quando não há gritos e castigos, o que nem sempre é fácil. Os hábitos de organização, que eles facilmente apreendem e aplicam no dia-a-dia escolar também são importantes, como a preparação da pasta do trabalho na noite anterior ou manter arrumada a secretária caseira.

9 – DÊ-LHES TEMPO
Se o seu filho andar tristonho ou desmotivado nos primeiros dias, não entre em pânico. Talvez ele tenha mudado de escola, perdido amigos para outras turmas ou se sinta nostálgico com o fim das férias. Converse com ele, tentando descobrir a origem do pesar e dando-lhe motivação — há poucas coisas mais contagiosas do que a confiança paterna. Se, pelo contrário, ele chega a casa irritado e conflituoso, dê-lhe tempo e recorra à paciência. Provavelmente, está só a reagir ao regresso aos horários e às regras depois da vida livre do verão. A maioria das crianças adapta-se facilmente a novos contextos se sentir o apoio incondicional dos pais.

10 – DEIXE-OS RESPIRAR… COM UM HOBBY
Se a vida não é só trabalho porque haveria de ser só escola? Muitos estudos defendem a presença de um passatempo na vida das crianças, de que elas gostem mesmo e onde possam mostrar as competências além ensino, o que lhes aumentará a autoestima, as relaxará das rotinas escolares, lhes garantirá mais bem-estar mental e, provavelmente, até as fará ter melhores notas. Pode ser uma atividade desportiva, danças de salão, um instrumento musical, culinária ou até ioga. E quem sabe se o pai ou a mãe não vão atrás e vestem também a pele de aluno?