Recolha de excedentes de rações animais em nome de um amor maior

Joana Moreira e Liliana Castro, da Associação Mad Panda, de defesa da causa animal, no Parque de São Roque (Foto: Igor Martins/Global Imagens)

Mad Panda é uma associação que recolhe excedentes de rações animais e as distribui por instituições portuguesas que acolhem cães e gatos. Para que nada lhes falte em tempos em que as dificuldades falam mais alto.

Joana Moreira e Liliana Castro são amigas e têm uma paixão comum: os animais. Os delas e, em particular, os que não têm lar nem donos que lhes deem proteção e carinho. Por isso fundaram, em junho, a Mad Panda. “Queríamos algo inovador, que desse resposta às dificuldades que, na maior parte das vezes, as associações têm ao procurar comida suficiente para os animais que acolhem”, explicam. Assim pensaram, assim fizeram.

“Contactámos marcas de rações animais que estivessem disponíveis a ceder-nos os excedentes que estejam em condições de serem consumidos mas não possam ser comercializados”. Uma espécie de dois em um: evitam-se desperdícios e ajuda-se quem mais pode. “Percebemos que a maioria das associações vive do voluntariado e não tem qualquer plano estratégico para gerir parceiros. A Mad Panda permite suprir essa lacuna e direcionar ajuda no melhor sentido”, expressa Joana, 30 anos, também diretora de operações numa organização que trabalha com crianças em risco. Ou seja, recolhe os alimentos junto das empresas e encaminha-os para os espaços de recolha e acolhimento que estejam a passar por dificuldades para fazer face às necessidades da bicharada que têm sob responsabilidade. “Inicialmente contactámos mais de cem”, contabiliza Liliana Castro, 31 anos, gestora de uma agência de comunicação.

Para memória futura

Poucas semanas após a formalização da Mad Panda, o destino encarregou-se de oferecer a primeira grande prova de esforço. Em julho, um incêndio florestal em Santo Tirso arrastou com ele o canil Cantinho das Quatro Patas, provocando a morte a mais de meia centena de cães. A tragédia mobilizou anónimos e associações, que recolheram os sobreviventes, muitos deles feridos e com traumas profundos. “Estivemos no terreno e percebemos que a maior dificuldade passava por dar resposta alimentar a todos os animais”, contam. Foi como que o espoletar prático, em contexto de emergência, de um projeto que ainda dava os primeiros passos. Da experiência resultou o documentário “Esquecidos”, disponível no YouTube.

“Desde então que nos mobilizamos para fazermos chegar às associações as rações que precisam. Somos nós mesmas que tratamos de apurar junto das plataformas as respetivas carências e lhes levamos a comida em falta”, revelam. Para já, uma garagem alugada na Maia serve de base à Mad Panda, enquanto não chega um espaço maior que uma autarquia se prontificou a ceder. Tudo feito sem preço, apenas por amor aos animais.