Uma frase motivacional levada demasiado à letra, duas invenções semelhantes e uma variedade a perder de vista. Ou a história do aparelho mais patenteado de sempre.
Olhando ao legado deixado por Ralph Waldo Emerson, famoso escritor americano que viveu no século XIX, há uma frase, aparentemente irrelevante, que se eternizou. “Constrói uma ratoeira melhor e o mundo fará fila à tua porta.” A tirada pretendia ser um apelo à superação contínua e ao espírito inventivo e empreendedor que os americanos tanto reivindicam. Mas parece ter sido levada demasiado a sério. Segundo dados compilados pela revista “American Heritage”, entre 1838, ano em que o United States Patent Office foi inaugurado, e 1996, foram registadas no país mais de 4400 patentes para… ratoeiras. Um número que faz do aparelho o mais patenteado de sempre, garante o Smithsonian Institution’s National Museum of American History.
Entre as invenções mais bem-sucedidas, destaque para o “Little Nipper”, um protótipo concebido pelo britânico James Henry Atkinson em 1897, semelhante às ratoeiras que hoje conhecemos. Base plana de madeira, fechos de arame, armadilha de mola “et voilà”. Estima-se que o “Nipper”, que fecha em 38 milésimos de segundo e que acabaria por ser vendido à Procter & Gamble, responsável pela sua comercialização, tenha conquistado perto de 60% do mercado internacional de ratoeiras. Na mesma altura, nos EUA, John Mast de Lancaster patenteou um design semelhante. Acabou igualmente vendido a uma grande empresa, a Oneida Community, que entretanto deu lugar à Woodstream Corp e. A firma ainda hoje fabrica anualmente mais de 10 milhões de ratoeiras, inspiradas no design de Mast.
No entanto, não faltam exemplos de outras ratoeiras, mais ou menos engenhosas. Dos aparelhos que incluem um conjunto de mandíbulas de plástico que se fecham subitamente sobre o roedor, às elétricas, que matam os ratos com uma dose letal de eletricidade, passando pelas armadilhas de cola, que prendem a vítima num adesivo.