Raio-x ao setor ferroviário português

Seguiam 212 passageiros no Alfa Pendular quando o veículo embateu (Foto: Fernando Fontes/Global Imagens)

Aposta nacional
Logo depois do acidente de Soure, presidente da República e Governo pediram que se continue a acreditar na fiabilidade dos comboios. Desde que Pedro Nuno Santos assumiu a pasta das Infraestruturas, em fevereiro de 2019, a ferrovia foi elevada à categoria de aposta nacional.

150 milhões de euros é o montante das perdas estimadas pelo presidente da CP, Nuno Freitas, devido aos efeitos provocados pela covid-19. O ministro das Infraestruturas assegurou que a empresa será compensada “através de reforço estatal”. O valor desse apoio ainda não foi especificado.

51 carruagens foram compradas à empresa espanhola Renfe pelo Governo português, um negócio fechado por 1,6 milhões de euros. O Executivo de António Costa também deu ordens para a recuperação de material circulante que se encontrava parado, embora em condições de voltar a ser utilizado. A CP admite carências e diz que nas próximas duas décadas é necessário adquirir entre 200 e 250 comboios.

“Durante décadas, sucessivos governos desinvestiram no setor e investiram no automóvel. Chegámos a este ponto com décadas de atraso, mas finalmente o comboio está no carril”
Pedro Nuno Santos
Ministro das Infraestruturas e da Habitação
(novembro de 2019)

Prioridade económica
O reforço da ferrovia faz também parte do plano de recuperação económica para o período pós-pandemia traçado pelo gestor António Costa Silva. O consultor do Governo deixou expressa no documento a necessidade de uma “rede ferroviária moderna e elétrica” que permita a “ligação a Espanha e ao continente europeu” e o “desenvolvimento do interior do país”.

2 562 quilómetros constituem a via ferroviária nacional, de acordo com números atualizados da Infraestruturas de Portugal, empresa pública que resultou da fusão entre a Rede Ferroviária Nacional, a REFER e a Estradas de Portugal. Ainda segundo a mesma fonte, há 500 estações espalhadas pelo país e cada comboio faz, em média, 35 milhões de quilómetros por ano.

2023 é o ano previsto para a conclusão de todas as obras contempladas no plano Ferrovia 2020. Com um investimento total de 2,171 mil milhões de euros, até dezembro passado só 6% dos trabalhos estavam dados como concluídos. 42% encontram-se em fase de contratação e 52% em fase de projeto. Se as empreitadas não forem executadas rapidamente, há risco de perda dos fundos europeus a elas destinados.