Quarto: um oásis de tranquilidade

Perturbações do sono é algo com que Júlia Machado lida diariamente na clínica que dirige. Além das mudanças comportamentais que tenta incutir nos pacientes, a especialista em patologia do sono garante que tudo o que ajude a pessoa a sentir-se relaxada no quarto é bem-vindo, e como tal a decoração não deve ser descurada. “Devemos estar rodeados de objetos de que gostamos e nos fazem sentir bem”, recomenda. “O mais importante é que a pessoa se sinta confortável, e nem todas as pessoas gostam ou se sentem relaxadas com o mesmo.”

No entanto, existem alguns pontos-chave a respeitar: a divisão deve ser arejada e receber luz durante o dia e a temperatura deve ser mantida perto dos 18,5ºgraus. No verão, os aparelhos de ar condicionado podem funcionar durante algum tempo antes de ir para a cama, para refrigerar o quarto, mas nunca durante o sono, pois são prejudiciais à respiração. Uma ventoinha de teto é uma opção mais saudável, mas por outro lado pode perturbar o sono devido ao barulho. “É uma questão de experimentar e ver se funciona para si, mas o ambiente deve sempre ser o mais silencioso possível.”

Na hora de dormir, o ambiente quer-se bem escuro, pois a produção de melatonina, a hormona que nos ajuda a adormecer, é estimulada pela escuridão, explica Júlia Machado. Para este efeito, a decoradora de interiores Anabela Silva sugere cortinados blackout, os melhores a bloquear a luz.

As duas profissionais partilham a mesma opinião: a organização do quarto é muito importante e contribui para o bem-estar. “Um quarto desarrumado não permite à pessoa relaxar”, diz a decoradora. “E mesmo visualmente, é desagradável.” Logo, é boa ideia apostar em soluções de arrumação para roupa e objetos pessoais. Júlia Machado considera que o quarto não deve ter demasiadas coisas, “para dar espaço à pessoa para respirar”, e deve estar o mais arrumado possível, “para evitar fatores de stresse”.

Quanto às cores, Júlia fala na importância de tons suaves que não ativem demasiado o cérebro. Anabela é apologista de matizes pastel ou terra, “pelo seu efeito relaxante”, e de roupa de cama branca, “que transmite uma ideia de frescura”. Os apontamentos de cores mais vivas devem estar por exemplo em almofadas, objetos facilmente retiráveis “para não cansar”. E por falar em almofadas, a decoradora aconselha muitas e grandes, em nome do conforto.

Júlia Machado esclarece que, ao contrário do que diz a sabedoria popular, não existe problema em ter plantas neste compartimento, de preferência pequenas ou que não precisem de muita luz.

Redesenhar o espaço

Anabela Silva lembra ainda que a orientação dos móveis pode ter influência na qualidade do sono. Para quem tem mente mais aberta, pode ser útil informar-se sobre algumas técnicas do feng shui, que visa “criar uma maior fluidez de energia no quarto”. Esta forma de harmonizar os espaços dita, por exemplo, que não se encostem as laterais da cama às paredes, ou que o leito não fique de frente para a porta.

É ainda importante separar as diferentes áreas do quarto, distinguindo-as segundo a função. A decoradora é adepta de conjugar diferentes estilos, já que ajuda, de certo modo, a estabelecer fronteiras entre áreas que podem ser úteis na hora de “desligar” de outras atividades e ir dormir. “A zona de dormir, por exemplo, pode ser mais clássica, enquanto o canto de leitura, ou uma outra área do quarto que seja de caráter mais recreativo, pode ter peças mais modernas, ou vice-versa.”