
Usadas por monarcas, são símbolo e luxo de quem personifica a autoridade máxima do reino. Os nossos reis também as ostentaram. Mas nem todos...
Podem ser simples, crivadas de pedras preciosas, compostas por pele de animais. As coroas sempre foram a figura ornamental que representa o poder absoluto da maior entidade de um país. Dos reinos, melhor dizendo, pois foram os reis (e rainhas) que raramente delas abdicaram ao longo da História e que continuam a delas não abdicar, sobretudo em ocasiões que pedem solenidade – veja-se o caso de Isabel II, monarca de Inglaterra desde 1952, a mais antiga em funções.
Muito antes de ser instituído o Dia de Reis, que se celebra esta segunda-feira, as coroas foram estreadas pelos imperadores da Pérsia antiga a partir do ano 550 a.C. Muito antes, os faraós egípcios haviam utilizado diademas, espécie de antecessor da coroa, menos ostentativo embora com igual carga simbólica. Os romanos escolheram formato idêntico para mostrar quem exercia o poder máximo.
Coroas tal como hoje as conhecemos começaram a ganhar estatuto sobretudo a partir do momento em que pela Europa se foram formando casas reais e que estas assumiram o poder. Da Dinamarca à Rússia dos czares, da Suécia à Holanda, de Espanha à Grã-Bretanha, todos os reis locais não as dispensaram.
Por cá, as coroas enfeitaram cabeças reais até ao século XV. Pelo menos assim o dizem os retratos oficiais de todos os monarcas até então, começando pelo primeiro de todos, D. Afonso Henriques, o qual, além do capacete que o fez célebre, surge coroado em diversas pinturas da época. Os reis seguintes seguiram-lhe o exemplo, até D. João II (1455-1495) renunciar a tal símbolo de poder, substituindo-o por uma espécie de boina frugal.
Mais tarde, no século XVI, quando Portugal recuperou a independência após a ocupação espanhola, D. João IV (1604-1656), representante da Casa de Bragança, deu ordens expressas para que, daí em diante, os monarcas desistissem de usar coroa ou qualquer ornamento. Ela, a coroa real, continuou a surgir nas pinturas de Estado dos monarcas nacionais, mas sempre em posição secundária, como em cima de uma mesa – assim foi nos casos de D. José I (1714-1777) e D. João VI (1767-1826); ou até nem sequer visível nos quadros, como nos de D. Pedro IV (1798-1834) ou de D. Luiz I (1838-1889).
Curiosamente, acabou por ser o último rei de Portugal, D. Manuel II (1889-1932), destronado a 5 de outubro de 1910 pela revolução republicana, a recuperar a tradição e a voltar a ser retratado em pose com coroa bem instalada na cabeça. Acabou como acabou… sem coroa.
Um peso real
Isabel II
A coroa de St. Edward’s, usada por Isabel II, rainha do Reino Unido, é considerada a mais valiosa do Mundo. Está avaliada em 35 milhões de euros e é composta por 444 pedras preciosas, que durante a II Guerra Mundial foram retiradas e escondidas em local secreto. Pesa pouco mais de dois quilos e começou a ser ostentada pelos monarcas britânicos com o rei Charles II, em 1649.