Porta-bebés: o ninho de pano

A História mostra objetos parecidos com mochilas e bolsas que se agarravam ao corpo das mães como berços improvisados (Foto: PxFuel)

É um pedaço de tecido que amarra mãe e filho. Ao peito, às costas, à anca. O porta-bebés é uma ligação simples e prática. Para dar colo, passear, mimar, amamentar.

Nos tempos mais longínquos, bebés e crianças eram transportados no que havia à mão. Cestas, cabaças sem recheio, peles de animais, estruturas de madeira eram adaptadas para levar os mais pequenos de um sítio para o outro. Até aos modernos e sofisticados porta-bebés (slings wraps) houve um longo caminho e motivos de inspiração. O pano em forma de tubo usado a tiracolo, em várias posições, traz memórias de xailes e lenços que embrulhavam os seres mais frágeis. Hoje são simples e práticos para usar desde o parto até que aprendam a andar.

A História tem fotografias de povos indígenas com bebés embrulhados em faixas ou pendurados em cestos e redes nos corpos dos pais. Há muito tempo, na Nova Guiné, uma rede de estilo maia era usada nas costas de um adulto para levar um bebé ou uma criança (essa rede também era pendurada em galhos de árvores ou nas vigas de casa). Os cangurus fêmea têm uma bolsa no ventre, o marsúpio, onde andam com as suas crias para todo o lado. As mães inuítes, nação indígena esquimó das regiões árticas do Canadá, Alasca e Gronelândia, usam os seus casacos quentes e impermeáveis para carregar os filhos. A História mostra objetos parecidos com mochilas e bolsas que se agarravam ao corpo das mães como berços improvisados. As capulanas são os porta-bebés mais populares no continente africano. E os mais garridos.

Os panos podem ser usados a tiracolo, atados no corpo para que o bebé possa ir à frente, junto ao peito, ou às costas, espreitando o Mundo pelos ombros. Depende das idades e das vontades. Mãos hábeis para atar o pedaço de pano, conforto máximo para quem acaba de nascer, pragmatismo na hora de dar de mamar, dar colo, adormecer, passear, ir a qualquer lado.

As sociedades modernas inspiram-se no passado e no que pode ser útil no presente e no futuro. É o caso. Bebé aninhado junto ao corpo, mãos livres para o que for preciso. O sling wrap é um terceiro braço pronto para o que for necessário quando, já se sabe, a tralha nos primeiros meses e anos de vida é muita, obriga a bastante logística, a ginástica permanente.

O mercado é exigente e a oferta multiplica-se. Porta-bebés de vários tamanhos e feitios. Panos de todas as cores, anéis de nylon que criam o efeito de fivela, diferentes posições de uso, ombros acolchoados, costuras semelhantes a bolsas, tecidos elásticos, bolsas ajustáveis com fechos, cordões, velcros, vários métodos para criar uma bolsa ou um assento para diferentes posições. No peito, nas costas, na anca. Pele com pele. Como uma ligação umbilical que jamais será cortada.

Pelo Mundo

México
O rebozo é uma peça de tecido longo e plano usado pelas mulheres. O pano é utilizado de várias maneiras. Como roupa, para proteger a cabeça do sol, e para transportar bebés.

Peru
A manta tradicional tem cores vivas. É usada pela maioria das mulheres peruanas para carregar os filhos para todo o lado. Junto ao peito ou nas costas.

Indonésia
O sarongue é um grande tubo de tecido geralmente usado na cintura. As mulheres usam-no não apenas como peça de roupa, mas também como porta-bebés.

África
As capulanas são os tecidos de padrões vibrantes costurados para roupas ou amarrados ao corpo para transportar bebés e crianças em curtas ou longas distâncias.