Papel higiénico: rolo que vale ouro

Produtos recicláveis são cada vez mais utilizados no fabrico de papel higiénico, o que permite evitar o derrube de árvores

De folha dupla, com aroma, com textura mais delicada, até colorido, a verdade é que não há lar que o dispense. O papel higiénico transformou-se em protagonista no filme de terror que a Covid-19 transportou para a vida real. Imagens de vários países, Portugal incluído, mostraram pessoas a carregar pacotes e pacotes desse bem essencial assim que se soube que a doença obriga a prolongadas estadias em casa. A verdade é que, por imensa que tenha sido a procura e por prolongado que venha a ser o período de isolamento social, não há notícia de rutura de stocks. Os próprios fabricantes garantem que não há sequer risco de tal suceder.

O grande segredo do papel higiénico está nas fibras que o compõem, que podem ir até às quatro. Quantas mais, mais resistente se torna. E quanto mais finas, mais suave fica. Uma delicada alquimia que permite no mercado produtos de qualidade elevada e que tem também como objetivo evitar que as folhas se deteriorem e possam tornar-se diluíveis quando evacuadas em água depois de utilizadas.

Os chineses foram o povo que instituiu a utilização de folhas de papel como forma de facilitar a higiene pessoal. Os registos apontam para o século XIV, durante a dinastia Ming, como o período temporal em que a Oriente se pensou em algo que o mundo ocidental apenas centenas de anos mais tarde viria a adotar. De facto, foi preciso esperar pelo século XIX para que a primeira fábrica do género fosse lançada nos Estados Unidos. O criador da ideia foi Jospeh Gayetty, que, em 1857, colocou à venda pequenas folhas de papel compostas por abacá (também conhecido como cânhamo de Manila) e aloés. O produto foi anunciado como tendo características anti-hemorrodais e acabou bastante criticado pela classe médica americana, que acusou Gayetty de publicidade enganosa. Depois de vários anos de luta para conseguir impor a ideia, o papel higiénico acabou aceite pela sociedade e pela ciência e outras empresas seguiram o exemplo da sua comercialização, nomeadamente a Scott Paper Company, que o conseguiu massificar. Até hoje.

Terminava, assim, uma longa era em que diferentes povos tomavam diferentes opções na hora de proceder à limpeza de uma área corporal sensível. Os romanos, por exemplo, tinham para tal efeito uma espécie de esponja comum utilizada por várias pessoas. Em França, era comum a utilização de lenços ou de papel normal. Nos Estados Unidos, espigas de milho e jornais eram a solução. Os indianos optavam pela própria mão, os esquimós por gelo e os japoneses por pequenos e finos paus de madeira. Folhas de árvore, areia, pele de animal, palha e cascas de fruto foram outros dos recursos usados um pouco por todo o Mundo. E depois há o curioso caso do Reino Unido, onde as classes abastadas usavam páginas de livros nas horas de maior aperto…

A bem do ambiente

Numa era em que as preocupações ambientais estão no topo das prioridades, também o papel higiénico não foge à regra da sustentabilidade. Produtos recicláveis são cada vez mais utilizados no seu fabrico, o que permite evitar o derrube de árvores. Uma empresa americana, a Nimbus Eco, imaginou uma solução baseada em bambu e cana-de-açúcar. E até há os defensores de panos reutilizáveis, que podem ser facilmente lavados sem qualquer perigo para a saúde.