O padre Fábio de Melo sempre foi muito popular nas redes sociais. No entanto, nos últimos dias, as habituais mensagens de apoio foram substituídas por inúmeras críticas. Tudo porque o popular sacerdote brasileiro anunciou que havia feito uma tatuagem. Trata-se de uma pequena abelha, com cerca de dois centímetros, que passou a acompanhá-lo na mão esquerda. E nem o facto de ter revelado que batizou a abelha de “Ana”, o nome da mãe, segurou a contestação.
Tudo começou quando, por mais de uma vez, uma abelha rondou o padre durante as missas dominicais que, devido à pandemia, são transmitidas em direto na internet. “Quem me acompanha já me ouviu falar sobre isso.” E, sem hesitar, decidiu transformar a abelha num símbolo do período complicado que o Mundo atravessa. “Será o meu sinal. De um tempo difícil, mas também bonito. De reclusão, de vida interior, de buscas e realizações silenciosas. O poeta tem razão: ‘Abelha fazendo mel vale o tempo que não voou’”, escreveu Fábio de Melo. E completou: “Para que eu nunca me esqueça de que o mel é fruto de dedicação, pousei, definitivamente, uma abelha em minha mão”.
As vozes críticas chegaram de imediato e em grande número, o que levou o sacerdote a reagir. “Definitivamente, o que nos faz chegar ao céu não é uma tatuagem, um brinco ou um piercing, mas o nosso coração”, lembrando que, noutros tempos, também pertenceu “ao grupo dos preconceituosos”, só que a religião o fez mudar. “Os meus olhos abriram-se para eu perceber a bondade das pessoas. E é isso que eu quero como padre: construir um lugar melhor.”
No entanto, nem todas as reações foram negativas. Fernando Shimizu, que assinou a tatuagem, não poupou elogios à iniciativa. “Vai quebrar muitos tabus e abrir muitas fronteiras”, afirmou, confessando ter ficado surpreendido quando Fábio de Melo o contactou. Com 25 anos de atividade profissional, Fernando Shimizu demorou dois dias a preparar e criar a tatuagem e duas horas a tatuar. Entretanto, diversas figuras públicas brasileiras também fizeram questão de apoiar o sacerdote.
Em 2018, no Vaticano, numa conversa com três centenas de futuros padres, quando percebeu que alguns dos jovens presentes tinham tatuagens, o Papa Francisco abordou o tema. “Pode haver alguns exageros, mas o problema não são as tatuagens em si”, pedindo apenas para que quem as faz “saiba o significado” do que passou a ter tatuado na pele.