
Os primeiros 25 menores não acompanhados, de um total de 500 que Portugal se prontificou a acolher, vindos dos campos de refugiados na Grécia, já sabem falar português. A “Notícias Magazine” esteve na casa da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde uma equipa multidisciplinar regista as conquistas diárias de quem passou fome, frio e sede. E ousa agora, finalmente, sonhar com paz.
Os corredores da Escola Básica Nuno Gonçalves, na freguesia da Penha de França, em Lisboa, entregaram-se, durante o mês de agosto, à frescura do sossego e à parca luz. Só numa sala do lado direito do edifício, mesmo antes da saída que leva para o campo de jogos, alguém desafiava a preguiça daqueles dias. “Outra vez, vamos lá”, incentivava a professora Rita Raimundo. Da viseira sobressaíam uns olhos vivos, atentos. Marcador numa mão. Apagador na outra. “Vamos lá!” E os 13 rapazes repetiam as palavras sublinhadas. Com lentidão. Quem os via assim, em panorama, percebia a estratégia. Estava tudo no quadro. Escrito em português e em árabe. Pronomes pessoais, possessivos, verbos, substantivos. Objetivo: construir frases. “Vamos lá”, encorajava novamente a docente, que abdicou do período de férias para lecionar a disciplina de Português Língua Não Materna. “É por uma boa causa.” E eles continuaram, empenhados, soletrando. Errando aqui e ali. Sem desistir. Primeiro, em conjunto. Depois, individualmente. “Go hard or go home” (vai com força ou vai para casa), tinha um deles escrito a branco na camisola negra. Há lemas que se carregam às costas. Quando alguém acertava, a docente não se aguentava e soltava os pés do chão e um entusiástico “muito bem”. E logo o coro: “Muito bem!”. Felizes. Verdadeiramente felizes com as suas pequenas conquistas.

(Foto: Carlos Pimentel/Global Imagens)
Naquele dia, como em tantos outros, ali estiveram, mais de uma hora. Sem birras ou amuos, a aprender numa quente manhã de verão. Sem que isso os fizesse querer estar noutro lugar. Tem sido assim há quase dois meses, desde que pisaram Portugal, a 7 de julho. No total, 25 crianças, menores não acompanhados, que vieram dos campos de refugiados da Grécia, nomeadamente de Moria, na ilha de Lesbos – o maior da Europa e o mais problemático, já que alberga quatro vezes mais pessoas do que a capacidade. Estes são os primeiros de 500 que o país se prontificou a acolher, assim que Ursula von der Leyen fez saber aos estados-membros que havia 5 500 crianças na Grécia em situação vulnerável, sem qualquer tipo de tutela. Portugal foi um dos cinco a abrir de imediato as portas para essa Recolocação Voluntária, juntamente com França, Alemanha, Luxemburgo e Finlândia. Só a Alemanha – que deve receber um total de 920 crianças – nos supera em número.
Bélgica, Noruega, Irlanda, Croácia, Bulgária, Eslovénia e Lituânia também se juntaram entretanto ao bloco, unidos pelo compromisso de conferir novos projetos de vida a esses jovens. E contribuindo ainda para aliviar a pressão na Grécia, onde têm chegado milhares de pés, calejados pelo medo e pelas tentativas de sobrevivência.

(Foto: Carlos Pimentel/Global Imagens)
Como aconteceu com Benyamin, um egípcio de 15 anos. Assim que a aula de Português acabou, encostou-se à rede que delimita o campo de futebol da escola, aceitando viajar para outras latitudes menos pacíficas. Os olhos baixaram ao chão, enquanto lhe traduziam as perguntas para árabe. Focavam os grânulos de borracha escondidos entre a relva sintética. Como se isso o ajudasse a encontrar as palavras. Como se lhe aclarassem as recordações. “Não foi fácil. A minha família pagava um imposto ao Estado egípcio para ter uma terra, que usava para a agricultura. Mas, depois, vieram os grupos que perseguiam cristãos. Tiraram-nos o terreno e tivemos de fugir para não nos acontecer nada de mal.” Ainda tentaram estabelecer-se no Cairo. Porém, a situação não melhorou. “Aconteceram muitas coisas. Muitas coisas… Não havia forma de conseguirmos ter uma vida normal, em paz.” Há um ano, Benyamin e um primo partiram para a Turquia. O resto da família ficou no Egito. O objetivo era chegar à Grécia, pedir ajuda. “Fiz muitas tentativas.” Quatro por terra, falhadas. E quatro por mar. “Só da última vez consegui.” O que encontrou no campo de refugiados não foi o esperado. “A vida lá era muito difícil. Senti-me abandonado. Não tínhamos nada. Não havia comida, nem de beber.”
A Virgem da esperança, no braço e no coração
“Foram nove meses muito complicados.” Até que lhe chegou a informação. Havia um programa de reinstalação para jovens. “Podia ser que conseguisse ser transferido para um país europeu, nada certo.” Agarrou-se à fé pela qual o perseguiram. A mesma que tatuou no braço direito. “É a Virgem Maria. A Nossa Senhora.” Volvidos alguns dias, disseram-lhe o que mais queria ouvir, vinha para Portugal. “Fiquei muito contente. Muito feliz.” O sorriso largo perdura-lhe no rosto moreno. Acrescenta que “estar aqui é bom”, que o “ambiente na casa” onde vive “é bom”, que “a comida é boa”. Mas nada é tão bom quanto a liberdade. “Para estudar, para aprender, para ir à missa, para ter um futuro.” E porque uma profissão lhe parece pouco, escolheu duas. “Estou a pensar ser chefe de cozinha e queria também ser segurança, especialmente dos aeroportos.” Tem falado com os familiares, pelo telemóvel que lhe deram. Estão aliviados por sabê-lo vivo e em segurança. Acabada a entrevista, Benyamin correu para a bola que há 15 minutos rolava em campo, entre pés calçados e descalços. Ficou o tradutor, Siraj Ibrahim, 39 anos, natural da Eritreia. Também ele, há quase uma década, aterrou em terras lusas ao abrigo de um programa de reinstalação. “A adaptação foi complicada enquanto não dominei o idioma. Mas tive a oportunidade de aprender e agarrei-me a ela.” Plenamente integrado, declara que chegou a sua vez de ajudar. “Apoiaram-me e eu consegui. Agora, tento fazer algo para que estes jovens também se sintam em casa.”
O acolhimento dos adolescentes, que vão chegar a Portugal de forma gradual e em pequenos grupos, ao abrigo do sistema de promoção e proteção de crianças e jovens em perigo, enquadra-se num projeto de intervenção integrada, através de Casas de Acolhimento Especializado, especificamente criadas pela primeira vez no país, onde equipas formadas para o efeito asseguram todas as dimensões do processo, avaliando e definindo os futuros projetos de vida. A primeira destas habitações, onde os menores são acompanhados 24 horas por dia, está a poucos metros da escola Nuno Gonçalves. Dentro daquelas quatro paredes foram desenhadas e postas em prática as condições para garantir a adequada satisfação das necessidades físicas, psíquicas, emocionais e sociais destas crianças e jovens.

(Foto: Carlos Pimentel/Global Imagens)
Cláudia Sabença, socióloga de formação, coordena o grupo técnico que, em tempo recorde, a Cruz Vermelha reuniu, composto por cinco auxiliares e 12 educadores. Psicólogos, assistentes sociais, psicopedagogos, especialistas em Direito Internacional, criativos, educadores sociais, entre outros. Uma equipa multidisciplinar que tem cuidado e orientado os 25 jovens, com idades entre os 15 e os 18 anos, resgatados dos campos de refugiados gregos, mas com origens no Afeganistão, no Irão, no Egito e na Gâmbia. “Aqui não há prazos. Os miúdos vão ficar connosco o tempo necessário. Todos eles têm o seu processo a decorrer e é natural que saiam em tempos diferentes. Quando estiverem preparados.” A coordenadora tem a vantagem de conhecer por dentro algumas das realidades em que os menores viviam. “Condições muito precárias, nada dignas. Até me arrepio só de pensar. Estiveram em tendas, sem alimentação fixa. Viviam com medo extremo, sem banhos, sem cobertores.” E isto são apenas alguns apontamentos. Foram lá parar, após passarem por situações de terror, insegurança, de ataques físicos. De tal forma que são os próprios pais a incentivar os jovens a partir, a procurar uma vida melhor. “Todos têm uma razão válida para terem saído de onde estavam. Ninguém se propõe a esta jornada se não fosse para fugir de algo verdadeiramente assustador. Tudo o que se passou na vida destes jovens ultimamente não tem nada de normal, nem de fácil”, vinca Cláudia. “Estão aqui porque querem verdadeiramente ter uma chance na vida.”

(Foto: Carlos Pimentel/Global Imagens)
E atualmente essa oportunidade passa por Portugal, como conta Alireza, 18 anos. Fugiu do Irão porque se sentia inseguro. “Temia pela minha vida.” Durante seis meses viveu num campo de refugiados. Se antes de lá chegar os seus dias eram duros, não melhoraram depois de estar na Grécia. “Havia lutas entre as pessoas.” Numa delas, ficou ferido. “Começou com um desentendimento na tenda ao lado. Acabei esfaqueado numa perna.” A mão toca ao de leve na cicatriz. São tantas as feridas. Nunca contou nada disto aos pais. “Era difícil. Nem sabíamos quando íamos ter comida.” E quando havia, o mais certo era ser servida em latas. “Pequenas, como se fôssemos cães. E se chegássemos tarde nem isso tínhamos.” Alireza, que deixou o seu país sozinho, recorda que nesses meses mal conseguia falar com a família. O ponto de rede ficava longe do sítio onde dormia. Tinha de caminhar muito para lá chegar. “Escrevia uma mensagem num dia, voltava, e só no seguinte sabia se tinha resposta.” Em Lisboa, tenta olhar para esses dias como se tudo fosse um pesadelo que já passou. “Estar em Portugal é muito bom”, diz. Mas no olhar permanece a sombra do tanto que ainda guarda só para si.
É perigoso abrir caixas de Pandora
“A confiança ainda é um tópico sensível para estes jovens”, garante Cláudia Sabença. “Muita gente lhes falhou. Acreditarem num adulto e perceberem que agora as coisas são diferentes não é simples.” É normal terem falta de autoestima, sentirem revolta, desconfiarem e questionarem. Porque é que isto me aconteceu? Porque é que passei por isto? Ao fim de quase dois meses, começam, enfim, a relaxar. A saírem das suas conchas. Abrem-se com os educadores, com a equipa. E percebem, finalmente, que neste projeto não há contrapartidas. “Acreditam que tudo o que está a ser feito é do fundo do nosso coração. Que estamos aqui para eles.” Será um longo caminho. “Porque não é uma mesa de pingue-pongue ou de matrecos que lhes vai apagar o passado de dor.” Em todo o caso, a ideia é construir um futuro. Começando pelo ambiente atual na casa. Espera-se que seja leve e bom. “Olhámos para o passado apenas o necessário. Abrir caixas de Pandora é sempre muito perigoso.”

(Foto: Carlos Pimentel/Global Imagens)
Paulo Mota, um dos 12 educadores, que geralmente coordena as atividades desportivas, insiste em exaltar a resiliência do grupo. Entre as histórias que vai sabendo, sensibiliza-o a de um dos miúdos, cuja família tinha negócios com empresas americanas. “Foi o suficiente para os pais começarem a ser perseguidos pelos talibãs. E, por isso, desde os 11 anos que não vê a família. É duro. Eles não fizeram mal nenhum. Não cometeram crimes. São miúdos impecáveis. Honestos. Só estão aqui porque precisam realmente de ajuda.”
É precisamente para que não se percam os laços familiares que quase todos têm telemóvel. “Menos um, que não quis”, especifica Cláudia Sabença. Os restantes, ou contactam as famílias pela internet ou através do restabelecimento de laços familiares, um serviço da Cruz Vermelha, que lhes permite fazer ligações para os países de origem, durante uns minutos, duas vezes por mês. Uma gestão exigente a nível pessoal que se reflete no grupo. “A distância da família causa-lhes stresse. Afinal, estão a par do que se passa, sabem quando acontece alguma tragédia no país de origem e não poder fazer nada deixa-os com um enorme sentimento de impotência.”
É unânime. “Têm sido tempos desafiantes. Trata-se de um projeto novo, não há grandes referências em Portugal. Há outras organizações que já trabalharam neste registo, mas este é muito específico, estamos a lidar só com menores não acompanhados.” E, para complicar, acontece em plena pandemia. Em março, quando já se adivinhava uma crise provocada pela covid-19, o Governo veio a público reafirmar que este era um compromisso para honrar. Para tal, o Ministério da Educação acautelou, desde o primeiro momento, o ensino do Português Língua Não Materna, através de aulas diárias, no agrupamento de escolas de referência, mesmo em período de pausa letiva. Antevendo que o idioma seria, de longe, o grande desafio destes jovens.

(Foto: Carlos Pimentel/Global Imagens)
“A língua é o fator de maior ansiedade na casa, mas ao mesmo tempo é o que eles mais trabalham. Estão todos muito conscientes que dependem dessa aprendizagem para ter uma oportunidade e então é nisso que nos focamos na maior parte do dia.” Os 25 vão a ritmos diferentes. “Queriam que fosse mais depressa, mas é outro alfabeto, nada fácil.” E se muitos já falam o básico, há ainda uma parte significativa que não está nesse nível. O que requer paciência. A professora Rita Raimundo confessa que tem desfrutado desta aprendizagem mútua: “Tem sido fantástico”. Muito por causa do empenho que vê. Não raras vezes, deixam-se ficar na sala, mesmo depois de a aula acabar, para tirar dúvidas. “Um dos grupos destaca-se. Também porque eram crianças que iam à escola e que tinham já algumas regras escolares. As outras nunca foram alfabetizadas, compreende-se por isso a dificuldade.” Grosso modo, “nota-se uma grande evolução desde que começaram”.
Aprender a língua é destruir muros
Estudar era uma vontade que já constava nos processos de cada um. Vinha declarado desde a Grécia. “Quero estudar em Portugal”, escreveram. E depois de cá estarem é facto. “Estudam de manhã à noite. Porque querem. Estudam antes de ir para a cama. E quando os educadores fazem as rondas noturnas eles estão na cama com os cadernos.” Acontece o mesmo na ceia. “Na hora do convívio, em que podem estar a fazer o que quiserem, jogar, estar com os telemóveis, ver televisão, o que for, muitos estão a rever matérias. Até montámos uma sala, porque havia grupos de estudo à noite.” O relato é de Cláudia Sabença, que se diz positivamente surpreendida pelo afinco dos adolescentes. “Os que sabem melhor as palavras ajudam os outros. Têm aplicações nos telemóveis, que usam para conversão da língua.” Estão cientes que aprender o idioma é desbloquear muitos níveis de dificuldade. “Um dos miúdos levanta-se às cinco e meia da madrugada para vir estudar. Todos os dias. Os educadores têm de o mandar para a cama. E ele diz-lhes que não, que está na hora de começar. Não estão aqui para brincar. Mesmo quando há uma atividade que não os estimule muito, ou que não compreendam o objetivo, dizem-nos: ‘eu prefiro estar a estudar’.”

Não é por isso estranho que vão ecoando pela casa os sonhos de cada um. Por ali já circulam putativos astronautas, engenheiros, professores, polícias, chefes de cozinha, eletricistas, mecânicos e, claro, jogadores de futebol. “Como o Ronaldo.” Na escola, a psicóloga trabalha a orientação vocacional. “Até andam com outro ânimo, porque começam a ver o tal futuro a desenhar-se. A concretizar-se.”
Enquanto esse dia não chega, há rotinas a cumprir. O dia a dia dos 25 é muito estruturado. Os horários e as tarefas estão afixados na sala para todos verem. Durante a semana, têm atividades lúdico-pedagógicas, aulas e desporto todas as manhãs, de segunda a sexta-feira. À tarde, voltam a ter atividades de cariz obrigatório, centradas maioritariamente na aprendizagem da Língua Portuguesa. Mas também há algum tempo livre entre as refeições, marcadas sempre à mesma hora, pequeno-almoço, almoço, jantar e lanches da manhã e da tarde e, ainda antes de dormir, a ceia. O fim de semana é mais dedicado ao lazer. Cada um tem uma bicicleta para passear. Podem ir à praia ou explorar a cidade. Individualmente ou em grupo. Sem esquecer que no domingo há limpeza geral. Todos têm de trocar os lençóis da cama, varrer os quartos, limpar o pó. “No espaço de uma hora está tudo feito e depois é tornar a relaxar”, detalha Cláudia.

(Foto: Carlos Pimentel/Global Imagens)
Também há um dia estipulado por quarto para lavar a roupa e tratar de outras coisas, como passar a ferro ou costurar. “Pediram uma máquina de costura para alterarem algumas das roupas e para coser outras que vieram rotas da Grécia”, esclarece a coordenadora. A liberdade religiosa também é fomentada. “Sabem que podem ir à mesquita e à igreja. Vão sozinhos, não interferimos em nada nesse assunto. A não ser promover o ambiente de respeito entre todos.” Também há espaço para receberem formações, como de gestão financeira. “Aprenderam a gerir a mesada, da qual sai uma parte simbólica para as poupanças, a que só terão acesso quando deixarem a casa.”
É todo este modelo que se pretende replicar com os futuros grupos que em breve serão acolhidos em Portugal. O próximo, de 28 menores, vindo da ilha de Lesbos e de outras localidades gregas, chega neste mês e será distribuído por diferentes cidades, adianta Cláudia Pereira, secretária de Estado para a Integração e as Migrações.
O objetivo, estejam em que parte do país estiverem, é que se integrem e tenham “uma oportunidade justa de vingar, nas escolas, nos futuros empregos, no geral das suas vidas”, deseja Cláudia Sabença. Isto a longo prazo. A curto, a questão não é menos exigente. “Que se sintam finalmente seguros, saudáveis e felizes. E que lhes provemos que chegaram a um sítio digno, onde podem ter paz.”
Entidades envolvidas na vinda dos 500 jovens
● Ministério da Presidência do Conselho de Ministros
● Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social
● Ministério da Administração Interna
● Ministério dos Negócios Estrangeiros
● Ministério da Saúde
● Ministério da Educação
● Ministério da Justiça
● Alto Comissariado para as Migrações
● Segurança Social
● Serviço de Estrangeiros e Fronteiras
● Direção-Geral da Saúde
● Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares
● Direção-Geral da Administração Escolar
● Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional
● Procuradoria-Geral da República
● Rede Judiciária Europeia
● Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
● Casa Pia de Lisboa
● Cruz Vermelha Portuguesa