
Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra faz parte de uma missão de salvamento das abelhas. Um projeto que levanta voo na Europa.
Cientistas, apicultores e especialistas em tecnologias informáticas de 13 países europeus – entre os quais um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra – uniram-se para formar o B-GOOD, um projeto com vista a uma apicultura mais sustentável. A tecnologia desenvolvida tornará possível aos apicultores saber, através de uma aplicação, o que se passa nas suas colónias e tomar melhores decisões quanto à sua gestão.
A medição das condições dentro da colmeia, como o peso, a temperatura e a humidade, permite recolher pistas importantes sobre o estado de saúde das abelhas. José Paulo Sousa, vice-coordenador do projeto, explica que, por exemplo, “medir o peso permite perceber se o número de abelhas está a aumentar ou a diminuir, ou qual a carga em termos de produção de mel”. A maior novidade, no entanto, reside nos sensores de vibração, que ajudam a identificar fenómenos que, apesar de naturais, podem ser indesejáveis, como o enxameamento (multiplicação das abelhas em que uma parte delas abandona o local, resultando muitas vezes na perda daquela colónia), ou perceber se há alguma doença que possa ameaçar a colmeia. “Ajuda o agricultor a atuar antes que as coisas aconteçam. E a vantagem é que todos esses dados ficam na palma da mão”, diz, referindo-se à app onde são exibidos os dados, que está a ser melhorada.
Esta pode ser uma ferramenta de relevo para perceber melhor o impacto dos fenómenos climáticos na saúde das colónias. “Sabemos que em determinada zona, com as mudanças climáticas, certos recursos alimentares vão desaparecer. Podemos então optar por mudar o apiário de local ou implementar mudanças na alimentação, através de suplementos”, detalha José Paulo Sousa.
Em Portugal existe um apiário-piloto na região do Douro, onde estão a ser feitos os primeiros testes. Cada apiário tem oito colmeias e estima-se que cada uma tenha cerca de 30 mil abelhas. As próximas fases do projeto preveem o aumento do número de apiários e de apicultores participantes, de forma a continuar a apurar a tecnologia.