O cruzamento de plataformas
A contagem dos casos positivos faz-se através das plataformas. Uma que é preenchida pelos médicos (SINAVE Med) e outra pelos laboratórios (SINAVE Lab). Há também a recente Trace Covid, que, com aqueles dados, cria muitos outros e faz a lista de todos os contactos e todas as pessoas que devem estar em vigilância. O que parece acontecer é que os dados inseridos na plataforma pelos laboratórios nem sempre estão completos, dificultando o cruzamento. Além dessa questão técnica, os números recolhidos pelas autoridades locais de saúde, cuja primeira preocupação é, muitas vezes, “identificar os doentes, proteger, isolar e tratar”, são reportados tardiamente.
Onde está o gato?
Há dias, o boletim que divulga o número de novos casos diários de covid-19 em Portugal deixou de trazer a distribuição dos dados pelos concelhos. Acusações e críticas de diversas autoridades locais de saúde e de autarcas levantam dúvidas quanto à veracidade dos números em Portugal.
“Não tem nada a ver com esconder dados”
Graça Freitas
Diretora-Geral de Saúde
O ajustamento pode mudar a realidade
Segundo o boletim, Porto, Matosinhos, Braga, Gondomar, Maia e Guimarães não tinham novos casos desde o dia 6 de junho, contrariando os números das autoridades locais.
Na Europa foi igual
Os números também têm sido um problema em outros países europeus. Aconteceu com o Reino Unido, que chegou a ter uma redução de 30 mil casos em 24 horas, depois de se perceber que andavam a multiplicar, indevidamente, a informação. E a vizinha Espanha fez, recentemente, uma recontagem dos mortos. A França foi pelo mesmo caminho, devido à possível duplicação de casos, ou por outro critério de erro de contagem.
200 casos positivos foram reportados três dias depois pelo laboratório, obrigando a DGS a distribuí-los, um a um, pelos concelhos onde ocorreram. É apenas um exemplo. Os dados regionais não batem certo com os totais nacionais. O objetivo é cruzar informações para obter um retrato fidedigno da covid.