Os gatos não caem sempre de pé

As quedas são dos acidentes mais comuns com felinos registadas em ambiente urbano, podendo resultar em lesões graves. Saiba como prevenir a síndrome do gato paraquedista.

Têm fama de cair sempre de pé, mas este é um de vários mitos associados aos gatos. Quando a queda é de uma altura inferior a um segundo andar ou equivalente a um quinto andar ou mais, ou encontram obstáculos (como um toldo), podem não conseguir rodar o corpo de modo a aterrarem sobre as quatro patas. Destes acidentes, que ocorrem sobretudo em ambiente urbano, resultam lesões conhecidas como a síndrome do gato paraquedista.

Inês Guerra, médica-veterinária no Hospital do Gato no Restelo, em Lisboa, explica que os gatos “têm noção de profundidade”, mas quando se focam numa presa – como um pássaro ou um mosquito –, o instinto de caça é mais forte e acabam por cair ao tentar apanhá-la. A prevenção é, por isso, essencial.

Colocar redes protetoras nas janelas, fechar os estores e impedir o acesso à varanda são cuidados a ter quando existem gatos em casa. O facto de o dono estar próximo deles quando estão à janela ou na varanda dá “uma falsa sensação de segurança”, alerta a médica-veterinária: “Nós não temos rapidez de reação suficiente para impedir a queda”.
Este tipo de acidente é mais frequente com gatos jovens. “Porque estão a conhecer o território e brincam com tudo”, esclarece Inês Guerra que, no entanto, já assistiu um gato com 18 anos politraumatizado por ter caído.

As consequências para a saúde do animal dependem de vários fatores, como a altura da qual caem, o seu peso ou o pavimento em que aterram. “Cair em cima do capô de um carro é diferente de cair num pavimento de cimento”, diz Inês Guerra.

Intervenção rápida

Em qualquer caso, trata-se sempre de uma emergência médica, pelo que o animal deve ser imediatamente observado. Mesmo quando se levanta sozinho e aparentemente não tem qualquer lesão. “Muitas vezes, o gato está reativo e responsivo após a queda, mas pode ter lesões internas.”

Após o acidente, o gato deve ser embrulhado numa manta ou toalha, colocado na transportadora e levado rapidamente a uma clínica ou hospital veterinário. Pelo caminho, a pessoa que o acompanha deve avisar da sua chegada e transmitir o estado em que o animal de encontra.

Os traumatismos resultantes da queda podem ser múltiplos. Os mais comuns são a fratura dos ossos longos e as lesões internas, como a rutura do fígado, do pulmão ou da bexiga. Também podem ocorrer a luxação ou fratura da mandíbula, a perda de dentes ou a fenda do palato. Nos casos mais graves, o gato pode ficar paraplégico ou morrer.