Os 4 venenos das relações (e respetivos antídotos)

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Na Universidade de Washington, EUA, existe um lugar de investigação chamado "laboratório do amor" onde John Gottman, especialista em relacionamentos, tem estudado milhares de casais nos últimos 40 anos. A prática permite-lhe prever com 90% de precisão se um casal vai, ou não, ficar junto. E avançar os maiores venenos que arruínam relações, bem como os antídotos que permitem salvá-las.

Texto NM | Fotografias da Shutterstock

VENENO: CRÍTICA

Por muito inofensivas que pareçam, críticas constantes são o primeiro sinal de que as coisas estarão a descambar na vida a dois, com o/a parceiro/a a senti-las frequentemente como ataques pessoais que o/a impedem de ser ele/a próprio/a na relação. Mais nocivas do que as queixas pontuais acerca de algo de que não se gosta (normais numa relação), geram dificuldades de comunicação, discussões repetidas e sem sentido, desgaste, desvalorização e culpabilização.

ANTÍDOTO: NÃO CULPAR

Segundo John Gottman, o antídoto para evitar este cenário sombrio passa por aprender a falar dos seus sentimentos com o outro iniciando as frases por «eu» – «eu sinto-me ignorado» ou «eu estou magoado contigo por X ou por Y» –, em vez de começá-las por «tu» – «tu ignoras-me sempre» –, que soa muito mais como um ataque. É tudo uma questão de se mudar a dinâmica entre ambos.

VENENO: DESPREZO

Da mesma forma que as críticas são o primeiro indício, o desprezo será o mais forte dos quatro venenos, alimentado de ressentimentos e pensamentos negativos acerca do parceiro acumulados durante demasiado tempo. É fundamental ficar atento ao uso de insultos, sarcasmo, ridicularização ou troça maldosa: nunca, mas nunca mesmo, resultam em nada de bom para a relação.

ANTÍDOTO: RESPEITO

O antídoto para isto? Concentrar-se nas qualidades do outro, afinal foi isso que vos aproximou no início da relação, de alguma forma. Demonstre o afeto e a estima que sente por ele, em vez de partir do princípio de que não precisa de o fazer porque o outro já sabe. Use mais expressões positivas no dia-a-dia, como «estou orgulhoso/a de ti por isto e por aquilo». Nunca insulte o parceiro no calor de uma discussão, por mais zangado ou nervoso que esteja.

VENENO: FICAR NA DEFENSIVA

É uma reação normal: sentimo-nos atacados e partimos logo para a defensiva, quer seja respondendo na mesma moeda (com raiva) ou fechando-nos para que o outro não nos magoe mais – nenhuma das quais resolve problemas, pelo contrário. Em última análise, pense sempre que ficar na defensiva também é uma forma de culpar o outro.

ANTÍDOTO: RESPONSABILIZAR-SE

Partindo deste pressuposto, o melhor antídoto passa por aceitar que ambos terão a ganhar com conversas abertas sobre as expetativas de um e de outro, por muito que doam na altura. E que em nenhuma circunstância a culpa é só de um, pelo que pode começar desde logo por perceber qual a sua quota parte no(s) conflito(s) e assumi-la como desbloqueador de conversa. O outro acabará por fazer o mesmo se vir que está a ser justo/a, sem querer atribuir-lhe todas as culpas.

VENENO: SILÊNCIO

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Que atire a primeira pedra quem nunca deu este tratamento ao parceiro só para evitar mais uma discussão. Até pode aliviar momentaneamente a tensão virar costas ou atirar-se às limpezas para não ter de falar com o outro, porém não é resposta: além de bloquear os canais de comunicação (por vezes de forma irremediável), aumenta o ritmo cardíaco a ponto de nos deixar física e emocionalmente exaustos.

ANTÍDOTO: NÃO PERDER A CALMA

Posto isto, em vez de guardar tudo para si, permita-se alguns minutos para acalmar antes de enfrentar a situação de cabeça fria. Dê uma volta ao quarteirão, leia um livro, faça uma meditação rápida ou concentre-se na respiração. Vale tudo menos explodir com os ânimos exaltados e dizer algo de que se arrependa mais tarde.