A ideia de criar uma aplicação que ajudasse a reduzir a quantidade de comida que vai para o lixo, muitas vezes em perfeitas condições, nasceu na Dinamarca em 2016. Rapidamente se alastrou a 15 países, em que se inclui Portugal desde outubro de 2019. A Too Good To Go permite encomendar uma Magic Box, caixa surpresa com a refeição que o utilizador vai salvar de um estabelecimento à sua escolha.
De acordo com Madalena Rugeroni, representante da marca em Portugal, “o elemento surpresa cria uma motivação extra no utilizador, por aliar a curiosidade e entusiasmo ao cumprir do papel de consumidor consciente”. O conteúdo da caixa é uma incógnita, pois, como explica Madalena Rugeroni, “é difícil prever com exatidão que comida vai sobrar em cada estabelecimento”, além de que, “se a venda fosse com base na escolha do menu, o estabelecimento seria motivado a produzir mais comida”, o que contraria o propósito original. Ao fim do dia, se se verificar o desperdício, o utilizador dirige-se ao local escolhido para levantar a sua Magic Box. O custo da caixa é significativamente mais baixo relativamente ao preço original dos produtos. Ganham o consumidor, o vendedor e o meio ambiente, numa simbiose que a marca garante já ter permitido salvar mais de 80 mil refeições.
A comunidade dos Waste Warriors, como são chamados os utilizadores da aplicação, conta com 190 mil membros. Estabelecimentos parceiros são 600, entre supermercados, restaurantes, cafés, mercearias, pastelarias e hotéis. O desperdício evita-se onde menos se espera; por exemplo, a adesão recente de uma grande superfície de artigos de desporto tornou possível salvar snacks desportivos e suplementos.
A Too Good To Go diz querer ajudar a criar hábitos mais sustentáveis e consciência em torno das questões ambientais, não apenas através da aplicação mas também online, partilhando receitas e dicas de usos alternativos para partes da comida que habitualmente se desprezam. O foco, diz Madalena Rugeroni, é trabalhar na prevenção do desperdício e não apenas na contenção. A empresa quer lançar programas educativos em escolas e cooperar com governos a fim de alterar a legislação no que toca a este assunto. Para já, estão presentes em Lisboa, Porto, Faro, Braga e Coimbra.