Belarmina sobe as escadas pretas a visitar um a um os vasos das flores e por último, depois de passar sardinheiras, malmequeres, os cardos, as pequenas peónias que são as rosas-de-lobo, agacha-se e põe-se ausente a folhear as petúnias. São as que mais cresceram, caem já em cachos para fora do vaso que ela ampara, brancas, rosadas aguadas, vermelhas vivas que se esticam com as caras abertas a radiar. Cheia de silêncio, ela demora-se nelas, apreendida pelo viço, pelo verdor, e, intrigada, olha-as com suspeita, como se não tivesse a certeza de alguma coisa nelas ou duvidasse do seu próprio florejar. E diz muito baixo em frases partidas:
— São as florinhas dela. Da minha irmã. Foram as últimas que plantou. Entretinha-se sempre aqui nelas ao fim da tarde quando voltava da fábrica. Agora sou eu que as ando a regar. Nunca suspeitámos que ele lhe fosse fazer aquilo. Que tivesse coragem de lhe fazer tanto mal. Nunca. Nunca suspeitámos de nada assim.
E levanta-se cheia de bruma no olhar, a frase ainda no ar, arruma melancolicamente o balde e sobe devagar o resto das escadas até à casa da sua mãe, que fica logo acima da dela, depois de passar o jardinzinho arranjado, a horta dos morangos, a pequena ramada de uvas pretas, a cerejeira que escurece e uma figueira que ainda vai carregada de figos que este ano estão a atrasar. E Belarmina põe-se depois a olhar outra vez lá de cima os socalcos, o caminho e os campos em frente, o riacho lá em baixo, a ponte românica descuidada e a rua a seguir que fica envolvida por árvores grossas, pinheiros, sobreiros, cedros gigantes que lhe tapam a vista direta do lugar hediondo que ficará para sempre ali à sua frente. Ele rememora:
— A nossa mãe ainda não sabe de nada. Sabe alguma coisa. E suspeita, claro está. Mas não tem a certeza e esquece-se. As psicólogas vieram cá, explicaram-lhe o que se tinha passado, mas ela não tem consciência total. Tem 88 anos, tem Parkinson e tem um tumor. Mas ainda ontem me perguntou, ‘olha, Belarmina, tu viste a tua irmã Ana Maria?’ E eu não lhe respondi, ou melhor, disse-lhe que não, e depois tive que sair dali… para não desatar a chorar. Sabe, nunca suspeitámos de nada. Sabíamos que ela e aquele marido andavam mal, emburrados, ele ameaçava-a, era um homem frio, era possessivo, ela já tinha saído de casa duas vezes, vinha para aqui. Mas acho que não sabíamos bem, nunca soubermos o que lá se passava na casa deles, ela não nos contava tudo, tinha vergonha, não se abria, encobria-o, devia encobrir muita coisa, o meio é pequeno, as pessoas falam, sabe como é. E nunca nos passou pela cabeça que ele lhe viesse a fazer assim mal. Que a matasse. Que a matasse assim na estrada como matou. Senão tínhamo-la protegido melhor, claro que tínhamos, somos seis irmãos, cinco irmãs e um irmão. Somos muito unidas, nós. Ou melhor, éramos, agora somos só quatro irmãs.
Belarmina, que se alimenta de remorsos e é a segunda irmã mais velha de Ana Maria, não foi ao funeral, faz agora 18 dias. Não teve coragem. E tinha de ficar com a mãe, que se chama Ana Maria como se chamava a irmã, e que também não foi por não aguentar a contranatura de ter de ver uma filha a enterrar.
Mas a aldeia estava lá quase toda, Lalim, concelho de Lamego, distrito de Viseu, a vila de 729 habitantes do Portugal interior norte central que se perfilou toda silencial a 20 de agosto, o povo avexado, muita gente com as máscaras da pandemia, todos confrangidos no pátio exterior da igreja branca, a olhar para o chão ensimesmados no cimo do monte das pequenas oliveiras, o cemitério aberto e mudo mesmo ao lado. Não ouviram o padre Agostinho, não responderam aos salmos responsoriais, cá de fora só ouviam o choro chaguento, varados pela dor familiar muito aguda que as irmãs e a família chegada de Ana Maria arquejavam em gritos lazarados que sugavam todo o ar. Lá dentro, nesse dia de calor e sol cego, o ar rareava e falia, com o caixão de pinho brilhante fechado ao centro, uma fotografia pequena de Ana Maria encaixilhada de perfil em cima do púlpito, o padre de braços abertos a homiliar, também ele assombrado em remordimento, sem mais nada que não palavras de consolo sem explicação da tragédia para dar.
Foi uma cerimónia estranha. À volta do povo, no meio do povo, postos em sítios destacados na estratégia de guardar aquele lugar, no dia do funeral de Ana Maria havia dezenas de policias fardados de azul ou com colete refletor, outros à paisana, muitos carros da GNR, da PSP, da PJ, da Proteção Civil, todos de óculos escuros, inquietos, uns com binóculos a escrutar os campos e o céu desanuviado de onde mal nenhum havia de vir. E por cima deles, e de todos no funeral, um som excêntrico permanente, um som que não é dali, o rumor elétrico de rotores a zumbir do alto de um drone com câmara a vigiá-los minúsculos em tempo real.
Belarmina abafa-se, remói na violência que não via
Passaram 23 dias que o homicídio aconteceu, que o assassino se pôs a monte e que mais ninguém o viu. No dia 14 de agosto de 2020, logo pela manhã, cerca das 8.30 horas, Henrique Carvalho, 63 anos, matou com oito tiros cara a cara a sua mulher, Ana Maria Melo, 56 anos, que tinha deixado a casa comum em janeiro e de quem se estava a divorciar.
Estiveram casados mais de três décadas, os dois nascidos e vividos ali em Lalim, ele a trabalhar em distribuição de víveres numa camioneta para outrem (foi despedido há três anos em circunstâncias pouco claras e agora dedicava-se aos campos), ela contratada há sete anos, funcionária exemplar do maior empregador local, os Fumeiros Porfírio que têm ali uma fábrica na serra e uma loja com talho no centro da vila que é das mais movimentadas, juntamente com a Farmácia Morais, a sede da Junta de Lalim e o Café do Jaime, fica tudo numa pracinha rústica penedal, com casas baixas de pedra e chão de paralelepípedos muito gastos.
Tiveram dois filhos – durante muitos dias nenhum dos dois foi visto em Lalim: Alexandre, 34 anos, casado, uma filha que fez no dia 11 um ano, ele fez a seguir, a 12, a mãe foi morta a 14; e Márcio, 33 anos, solteiro, que se mudou nestes dias tenebrosos da casa do pai para Tabuaço e mora agora com a namorada – e os últimos anos, pelo menos, foram um eletrocardiograma emocional, com a família partida pela ira e pela possessão imoderada do pai.
Belarmina, que ao 23.º dia continuava em casa fechada sem vontade de sair, sem acender a televisão, que não queria falar com ninguém, só queria que isto não fosse verdade ou que chegasse de outra forma que não aquela ao fim, viveu muitos dias na irresolução, numa espécie de equívoco da justiça e do real, numa insegurança abafada mas que pulsava porque o assassino continuava fugido, e confronta-se com o passado que não pode mudar:— Às vezes víamos coisas, uma palavra mal dita, um gesto esquisito, uma cara mais má, mas não suspeitávamos de nada maior e eu até àquele dia continuava a falar ao Henrique. Cheguei a perguntar à minha irmã, e mais de uma vez, se ele lhe batia, se a ameaçava, ou aos meus sobrinhos, mas ela dizia sempre que não, que não e não e depois calava-se ou desviava-se a desconversar. Mas eu devia ter desconfiado! O Natal deles já não foi normal, estavam emburrados com não sei o quê, estava ele, era sempre ele, ela até me disse que era o último ano que ia fritar as rabanadas, nem gostava assim tanto, ele é que sim, e que ela estava farta daquilo tudo do Natal. Mas não liguei assim muito. Eles lá passaram a consoada, os dois mais o Márcio, que ainda morava com eles, o Alexandre já não, tinha casado há quatro anos e não se falavam, acho que o Henrique tinha ciúmes da proximidade dos sogros com o rapaz, ele tinha deixado de trabalhar com o pai e as coisas azedaram entre eles. Depois, na semana do Ano Novo, aconteceu outra coisa, a minha irmã apareceu-me aqui a chorar a pedir se podia ficar, que o Henrique a tinha posto fora de casa, e já era a segunda vez, e ela não queria voltar, nem trouxera nada, só a roupa que vestia. ‘Claro que sim, irmã, ficas na minha ou na casa da nossa mãe, é como quiseres, ficamos aqui juntinhas, claro que podes aqui ficar, ainda perguntas?’ Depois ela contou o que aconteceu: ele exigia que ela deixasse de falar ao filho Alexandre, à nora e à bebé. Nem da bebé aquele homem gostava! Nem falar, nem vê-los. E era se queria continuar a morar ali. Ela ainda tentou dar-lhe a volta, mas já não aguentou, não conseguiu, isso é coisa que se peça a uma mãe?!, e no dia 4 de janeiro ela saiu definitivamente da casa deles, nunca mais voltou e ficou aqui a viver connosco.
E Belarmina agora abafa-se, está de novo a olhar fixamente para os vasos de flores da irmã que já estão regados e se regalam verdosos e húmidos a despontar ao sol. E põe novamente aquele olhar inacabado, sem conclusão. E retoma:
— Em março, a Ana Maria apresentou queixa por violência doméstica na GNR contra o Henrique e o caso foi para tribunal, mas a pena dele ficou suspensa e ele continuou por aqui. À minha irmã deram-lhe um botão de pânico, um aparelho que ela devia ligar se o homem tentasse aproximar-se dela. Mas de nada serviu, o aparelho às vezes não tinha rede e se tivesse a Guarda demorava a chegar. Como se viu, aquilo nunca a protegeu, pobre da minha irmã que já não a temos e estamos agora a temer.
Aconteceu tudo num quilómetro quadrado de horror
Vê-se claramente de cima do alto da Ermida de Nossa Senhora da Piedade, padroeira mártir da terra que teve as festas de agosto canceladas, dali avista-se toda a vila de Lalim, campos amarelos de milharais, pomares de belas peras e maçãs, pequeninas vinhas e as hortas retangulares, e vê-se até mais para a frente, para o Outeiro, os Meijinhos, Britiande, Tarouca mais ao fundo, depois a Serra das Meadas com as eólicas brancas embatucadas a zarpar.
Tudo aquilo fica demasiado perto na vila, tudo aquilo, da vida à vida interrompida, aconteceu entre Ana Maria e Henrique num raio mais pequeno do que um quilómetro quadrado. É essa a distância que se percorre em cinco minutos ou menos: da casa deles quando moravam juntos no centro, até à Rua do Carvalhal onde fica a fábrica dos fumeiros serão 400 metros; até ao local do crime são 200 metros depois, entre grandes carvalhos e sobreiros, cedros, alecrins e ervas silvadas; seguindo-se até à casa da irmã e da mãe delas, que fica logo após a pontezinha românica junto a uma fiada de outras casas, a 100 metros fica o campo com o anexo dele, onde ele agora trabalhava, corre ao lado um riacho de rega; de volta ao centro da vila, seguindo pela rua cariada da Revolta, não chega a mais 300 metros até estarmos de novo na Praça do Infante D. Pedro. Foi naquele quadrângulo de horror que tudo aconteceu.
Do crime cometido na manhã de sexta-feira do dia 14, saiu viva uma testemunha, Alexandra, 37 anos, amiga de Ana Maria e que seguia com ela pela rua florestal a caminho da fábrica onde também trabalhava. Apanhou a amiga na nova casa e seguiram juntas a pé, como já era agora costume porque a Ana Maria nunca queria ir sozinha a lado nenhum.
Foi numa zona mais sombreada, com montes inclinados à estrada, matos mais altos, que num repente apareceu Henrique e já vinha de pistola irada na mão. Apareceu-lhes pelas costas num salto, a vociferar, e depois tudo mudou para sempre.
O que se passou a seguir foi confuso, muito rápido, inclemente, e calou os pássaros e o vento. Alexandra ter-se-á chegado à frente quando viu o homem colérico de arma esticada na mão para a mulher, na outra trazia um saco plástico com papéis. Levou um tiro que lhe feriu uma perna de raspão. E viu um segundo disparo avisá-la, agora sem a atingir. Depois Henrique dirigiu-se de frente à mulher, interrompeu as frases da afronta que ia começar a dizer e desatou logo a disparar, apontando-lhe sempre para a cara. Oito tiros depois, já a mulher estava caída numa poça que irradiava ao sol vermelho no asfalto, Alexandra encolhida a um canto, o homicida abeira-se do corpo, atira-lhe para cima o saco com os papéis que eram os papéis do divórcio, e desapareceu monte acima, fundido na vegetação. E nunca mais foi visto por ali.
Alexandra, que ao 23.º dia ainda não voltara ao trabalho na fábrica, que raramente sai da sua casa no centro, a não ser para o curativo duas vezes por semana em Lamego, já testemunhou à policia e desde aí não contou mais nada, exceto aquele frase que disse ao JN: “Fisicamente hei de ficar bem, vou recuperar. Mas psicologicamente não, nunca mais vou ficar bem, eu sei”.
Foi ainda naquele momento dentro do terror, logo depois de ver Henrique abalar, internado mato adentro, que Alexandra ligou a avisar o que se passava. Ligou ao filho mais velho do casal, o Alexandre, ele tem um vizinho que é bombeiro e vieram logo os dois acorrer. Ela só disse:
— O teu pai já matou a tua mãe. Anda depressa. Já.
E desligou o telefone a tiritar, apesar de estar calor, depois de dizer confusamente onde estava. Eles chegaram, o bombeiro tentou a reanimação, só saía sangue e aflição, e esperaram ali os três trementes que chegasse a ambulância, o delegado de saúde e a GNR e tudo isto demorou muito, só sete horas depois eles e o corpo de Ana Maria foram levados dali.
A inquietação irresolvida e as respostas por achar
Até ao 23.º dia, o filho Alexandre, que não voltou ao trabalho na fábrica do fumeiro, que não foi ao funeral da mãe, foi só o seu irmão Márcio, e este carregou o caixão, não foi mais visto em Lalim nem em lado nenhum. Continua numa casa secreta, guardado pela polícia, assim como a mulher e a filha bebé e sobre eles pendia um prenúncio de terror e abominação: o pai, que nunca perdoara ao filho ter tomado o partido da mãe, ameaçou que os matava a todos, aos três, e era por eles que a polícia guardava o funeral com sentinelas, drone e olhos zelosos pelo ar.
A casa de Henrique já foi vistoriada, continua fechada no centro da vila. O seu campo junto à casa da irmã e da mãe da mulher que matou continua na mesma, despovoado, as portadas abertas, mas começavam a secar os milhos, os tomates-coração-de-boi, as rosas e as uvas que ninguém quis apanhar. A sua carrinha Toyota branca de caixa aberta continua lá estacionada, os quatro pneus esvaziados (o povo diz que foi a polícia que os esvaziou, não fosse o assassino voltar pela calada e usá-lo para fugir, na mala repousa ainda o estojo preto de veludo aberto que contém aquilo que já foi um trompete que era do filho Alexandre, que toca na Sociedade Filarmónica de Lalim, e que o pai exigiu que lho devolvesse e que depois destruiu com cólera e rancor. O anexo continua de porta aberta, alguém já recolheu o canito que ficara acorrentado, as quatro ovelhas que tinha também já não moram ali, uma delas terá morrido enfartada.
O crime foi premeditado, isto é, resolvido antecipadamente com reflexão pela noite, e depois foi executado pela manhã. Vizinhos contam, como Maria dos Santos, 86 anos, que se põe todos os dias sentada à sombra da parede da cadeia antiga, no centro da vila, mesmo debaixo do grande cartaz das festas que este ano não chegaram a ser, conta ela que na noite anterior ao dia 14, Henrique saiu de casa pela meia-noite, andou a regar nos campos a noite toda, a deixar comida aos animais e só reentrou em casa depois das seis da manhã, ela viu porque se levantou para abrir a porta ao gato, que lhe arranhava a porta e o sono, coincidiu, saindo o vizinho logo a seguir, mas isso ela já não viu.
Família privada de o ver pagar
Premeditou o crime, preparou a sua ausência, Henrique Carvalho, mas nada indica que tenha planeado a fuga – não levantou dinheiro, não levou roupa nem mala, deixou para trás os documentos e o telemóvel, não há forma de o rastrear, tudo ficou exatamente como ele deixou, a polícia não sabe onde se meteu. E o povo especulava. Andará nos montes à coca ali escondido? Terá abalado logo para longe dali? Foi ajudado por terceiros, talvez um primo que tem emigrado em França e que estes dias andou por ali e agora também ninguém o vê? Ou ter-se-á suicidado, caído em si e num canto sem fundo, com a mesma arma vil que ninguém sabia que ele tinha nem vislumbra onde a adquiriu?
A resposta chegou ao 23.º dia depois do crime, a 5 de setembro, e não foi a polícia que a deu; foram os populares que encontraram o corpo do homicida. Estava caído sobre mimosas e matos, serra da Maia adentro, a um escasso quilómetro, ou menos, do local onde ele matara a sangue-frio a mulher.
Foi Armando Clemente, 57 anos, canalizador e caçador dali de Lalim, que o encontrou, mais a cadela podenga de nariz comprido e cor de caramelo, a Matreira, que ele levou. Ele e o presidente da Junta, Bruno Carneiro, mais um sobrinho de Ana Maria, Paulo Melo, foram os três atrás de um pressentimento do Armando, que tem um campo lá para cima, vizinho de um campo do avô do assassino, e andava cismado que tinham que lá ir. E duas horas depois de terem subido nesse sábado de manhã, a Matreira farejou e ladrou a apontar – e eles viram um corpo a apodrecer que fedia, com uma pistola ainda na mão. “Finalmente! Nós é que o achamos”, confessaria depois Armando Clemente ao JN.
Agora que tudo já passou, a vila de Lalim desapoquenta-se. Mas até ali, ao 23.º dia, o povo não falava de outra coisa e vivia metido naquilo, entre a excitação desregrada do horror e algum receio real, embora já não se sentisse o medo no ar, e isto apesar de a polícia, que nos primeiros dias inundou a vila e as serras com batedores e cães pisteiros de caça ao homem capazes de perseguir odor pelo ar, ter virtualmente desaparecido nos últimos dias. E sentiu-se sempre, sim, uma estranheza inusual, uma inquietação pelo grande assombro que atirou a terra para a TV, que todos os dias falava de Lalim, até que aquilo, um certo tédio ou mesmo um enjoo pela falta de novidades, começou a passar, deixando no ar um sentimento indefinível da inconcretude e de irresolução de um caso que não teve o devido finamento moral nem penal. Henrique Carvalho não foi capturado, não foi julgado, não foi condenado, ele matou e morreu como quis, a família da mulher morta ficará para sempre privada da juridicidade, da sua mais elementar justiça que era ver o assassino pagar pelo que fez.