Novo Banco, velha história

António Ramalho é presidente do Conselho de Administração do Novo Banco (Foto: Gerardo Santos/Global Imagens)

Solução pouco airosa

Foi em outubro de 2017, depois de três longos anos de negociações, que se chegou a acordo para a venda do NB, a instituição nascida dos ativos do BES que não foram transferidos para o “banco mau”. O fundo Lone Star adquiriu 75% e o Fundo de Resolução (participado pelo Estado e por todos os bancos) ficou com 25%. A Lone Star não pagou qualquer quantia pela aquisição, comprometendo-se a injetar até mil milhões de euros. A estabilidade do sistema financeiro ficaria assim assegurada, a prazo. Mas o NB tem sido uma contínua fonte de problemas.

A explicação do ministro

No Parlamento, durante a apresentação do Orçamento Suplementar, o recém-empossado ministro das Finanças, João Leão, excluiu nova injeção de capital no Novo Banco (NB) devido à pandemia de covid-19 no decorrer de 2020. Admitiu, no entanto, que enquanto acionista o Estado pode vir a ter de o fazer.

“Eu ouvi a notícia e fiquei estupefacto”
Marcelo Rebelo de Sousa
Presidente da República

(Foto: Paulo Novais/Lusa)

180 milhões é o saldo negativo do NB nas contas do primeiro trimestre. No ano passado, a instituição registou prejuízos de 119,4 milhões de euros.

900 milhões de euros é a quantia que o Estado deverá ter de injetar em empréstimos ao NB no decorrer do próximo ano. Desde 2017, já houve perto de 2 130 milhões de euros de dinheiros públicos a serem canalizados para a instituição.

A rábula dos 850 milhões

A 7 de maio, o primeiro-ministro garantiu que não haveria mais ajudas ao NB até que fossem conhecidos os resultados de uma auditoria profunda. Só que nessa altura o Tesouro já tinha transferido mais 850 milhões de euros para o banco. O episódio forçou o pedido de desculpas de António Costa e levou o presidente da República a tirar o tapete a Mário Centeno, que entretanto deixou o cargo de ministro das Finanças.