Naperons: figurões de estilo

Durante anos foi figura decorativa quase obrigatória em sala que se prezasse. Era vê-los a enfeitar aparelhos de televisão, quando estes tinham outros formatos e dimensões e permitiam espaço para adornos que os embelezassem, a decorar mesas e sofás, a dar um toque artístico caseiro ao ambiente do lar. O naperon fez história e caminho, tornou-se referência e, após um interregno de fama e proveito, teima novamente não cair em desuso.

Com tradição em Portugal, o naperon ganhou termo comum na origem da palavra francesa “napperon”, que começou a ser usada em terras gaulesas na segunda metade do século XIX, altura em que esse tipo de trabalhados em renda se multiplicou e era sinal de que o elemento feminino da família era senhora prendada que se dedicava a aumentar o pecúlio da casa através de rendas e bordados. Quase todas as casas, das mais modestas às mais endinheiradas, faziam questão de mostrar às visitas exemplares que provavam o denodo colocado na elaboração dessas pequenas obras de arte, que mais não eram do que o resultado de uma adaptação do também francês croché.

O conceito espalhou-se para lá das fronteiras da França e Portugal foi dos países que adotou o naperon como se filho pródigo fosse. Com uma agulha própria e muita paciência e saber, os naperons foram tomando conta dos lares nacionais, em particular durante o período do Estado Novo, quando era comum as mulheres passarem mais tempo em casa por não terem ocupação profissional.

Após uma fase em que foi associado a gerações mais antigas e acabou colocado em segundo plano, o naperon tem vindo a recuperar terreno e a reconquistar as preferências dos portugueses. Várias lojas, muitas delas associadas a produtos vintage que resgatam as memórias do passado, apostam mesmo na venda desse artefacto e até o reinventam, dando-lhes novos formatos. É verdade que o design das televisões de hoje já não permite que um naperon lhes seja companhia próxima. Mas há muitos mais locais onde ele pode ser mostrado. Porque o passado ainda faz despertar ideias naqueles que têm o futuro como horizonte preferido.