
Os testes psicotécnicos diziam que podia escolher todos os cursos menos um, Medicina, tal é o horror a agulhas e sangue. Ponderou Direito, hipótese depressa posta de parte, convencido até hoje de que lhe falta vocação para elaborar argumentários subjetivos e contingentes. Escolheu Economia, apaixonado que é por números desde a escola primária, onde foi aluno da mãe, a mais exigente de todos os professores que lhe calharam em sorte, e por influência de Cavaco Silva, que por razões familiares conhece desde miúdo. Tinha 15 anos quando “o professor” chegou às Finanças e 20 quando o então presidente do PSD se tornou primeiro-ministro. Nessa altura, Miguel Frasquilho filiou-se no partido onde depressa mereceria destaque (foi vice-presidente do Grupo Parlamentar e Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças de Durão Barroso). “Porém sempre pensando pela minha cabeça”, acrescenta, “mania que me custou alguns amargos de boca”. Ri.
Miguel Frasquilho, nascido em Lisboa, considera-se setubalense. No recreio da escola primária jogou futebol com José Mourinho, conterrâneo e amigo, percebendo depressa que não tinha futuro na bola. De resto, preferia a música, descoberta precoce que o levaria ao Conservatório Nacional (12.º grau de Piano e o curso de Educação Musical).
“Sem música não vivo.” A clássica. Mas também ABBA – assistiu a todos os filmes e peças musicais. Whitney Houston, cuja biografia conhece de cor. Céline Dion – que quis ver ao vivo, em Las Vegas. Madonna, Genesis. E os festivais da canção. “Adoro. Claro que fui ver a edição da Eurovisão em Lisboa.” Chora com comédias românticas – “sou muito lamechas” -, festeja os golos do Sporting, revê, sempre que pode, a trilogia cinematográfica “O senhor dos anéis”.
De manhã cedo, por volta das 7.30 horas, faz-se à estrada. “Correr, aí está outra coisa que adoro.” Depois de várias meias maratonas aponta o desafio seguinte: completar os 42,195 km.
Que percebe o chairman da TAP do negócio da aviação? “Um chairman é um coordenador de equipa, alguém com capacidade de diálogo, de gerar bom relacionamento. Nesse papel, o Miguel é fantástico”. Marques Mendes lembra “o economista com enorme conhecimento dos números e a pessoa encantadora que congrega elogios à direita e à esquerda, pelas suas capacidades notáveis”.
São conhecidas as desavenças com Manuela Ferreira Leite. No entanto, quando viu o seu nome envolvido na polémica do saco azul do BES, mereceu da ex-ministra das Finanças palavras públicas de desagravo, gesto com que talvez não contasse. “E que ainda hoje me comove.”
“O Miguel é uma pessoa de grande honestidade intelectual, com quem foi possível manter um diálogo sério, mesmo na altura de grande crispação política, como foi o período da troika.” O elogio de João Galamba não é caso isolado entre os socialistas. Fernando Medina, Pedro Marques, Pedro Nuno Santos partilham a opinião. “Posso dizer que ficámos amigos. Gosto bastante do Miguel”, acrescenta o secretário de Estado Adjunto e da Energia.
Dos tempos que correm, Miguel Frasquilho lamenta sobretudo a ausência das viagens, outra paixão. Como presidente da Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal deu várias voltas ao mundo. Agora, sonha em terra com os aviões da TAP no ar.
Miguel Jorge de Seca Reis Antunes Frasquilho
Cargo: chairman da TAP
Nascimento: 12/11/1965 (54 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Lisboa)