“Um jovem num corpo de adulto”, dizem amigos. Muito bom aluno, distinguiu-se também no movimento associativo das escolas por onde passou. Não age por impulso. Gosta de música, de teatro e de exercitar a voz de tenor.
Tem um lema – unir para reinar. “Diplomacia é a palavra que melhor descreve o meu feitio político”, diz, garantindo “a vontade de conciliar posições”.
Porém, começa às avessas. A omissão dos nomes de António José Seguro e de Sérgio Sousa Pinto, num discurso, o primeiro como líder da JS, em que referenciou antecessores, feriu algumas sensibilidades socialistas. “O estalinismo chegou à JS”, respondeu-lhe Sousa Pinto. “Trata-se de deixar de lado dois líderes históricos, sendo que um deles foi secretário-geral do partido e o outro é uma figura relevantíssima da vida política portuguesa, pelo passado e pelo futuro”, afirma Francisco Assis. É claro que não foi esquecimento”, avalia Sousa Pinto. “Ficou-lhe mal e criou indignação no partido”, acrescenta Assis. “Não sabia que ele existia até esse dia.”
Eleito pelo círculo de Lisboa nas legislativas de outubro de 2019, o economista, conselheiro económico adjunto do gabinete do primeiro-ministro no primeiro Governo de António Costa, desvaloriza o “esquecimento”: “Ambos fizeram mandatos muito importantes para a JS e sempre lhes dei valor”. De resto, como líder dos jotas tenciona “fomentar a pluralidade”.
Inquietação, irreverência, dizem de si, assegura. “Muito trabalhador e perfeccionista”, nasceu no Hospital de São Francisco Xavier, filho de médicos – ortopedista e dentista. Fez o Secundário no exclusivo e dispendioso St. Julian’s School. “Experiência que permitiu confrontar-me com as desigualdades”, salienta, e que fizeram dele “uma pessoa de esquerda”. Conotado com a linha de Pedro Nuno Santos, é claro: “Um partido de esquerda deve assumir-se, convicta e profundamente, de esquerda”.
No Saint Julian’s fez teatro, estudou violino, aprendeu a gostar de poesia, descobriu a voz de tenor que ainda hoje exercita com frequência, em viagens de carro. Simulou discursos na ONU e dirigiu a associação de estudantes. Desses tempos pode falar António Pessanha, colega de turma. “Era um irreverente.” Recorda a vez em que ambos irromperam a cantar o Hino Nacional na aula de português, em protesto. Mais tarde, já em Inglaterra, seria o autor de uma moção contra o reitor da Universidade de Warwick, onde se licenciou em Filosofia, Política e Economia com 18 valores – a mesma nota do mestrado em Economia, feito na Universidade Nova de Lisboa.
Raramente reage a quente. “Sou ponderado”, diz de si. Um irreverente ponderado que adora gravatas. “Desde miúdo. No Instagram criei a hashtag ‘as gravatas do Miguel’.” Tem centenas. “O Miguel é dual. Um jovem num corpo de adulto”, definem amigos.
Praticante de experiências gastronomias, amante de música, tutor dedicado de Mr. Darcy, o cão cavalier king charles spaniel, assim nomeado em homenagem a Jane Austen (“Orgulho e preconceito”), cedo se apaixonou pelo exercício da política. Tinha 14 anos quando se inscreveu na JS. Bruno Bernardes conhece-o desde aí. “Bastante sonhador, com muitas ganas de aprender sobre política. Muito organizado, com um imenso sentido de humor”, apurado na educação anglo-saxónica. “Muito humanista. Sempre à procura de consensos.”
António Pessanha revela a paixão do amigo pelo Parlamento. “O Miguel procura ter impacto positivo na vida das pessoas. No bom sentido da palavra, tem muita ambição.” Recorda, por isso, algumas conversas e as vezes em que lhe ouviu, não tinham ainda dez anos: “Serás o meu ministro dos transportes e eu primeiro-ministro de Portugal”.
Miguel de Oliveira Pires da Costa Matos
Cargo: presidente da Juventude Socialista
Nascimento: 29/05/1994 (26 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Lisboa)