
As máscaras hospitalares são de fácil utilização, podem ser facilmente adquiridas e constituem travão para a transmissão de doenças altamente contagiosas por via oral.
Por maus motivos, é certo, mas são a moda do momento. As máscaras hospitalares multiplicaram-se desde que o coronavírus se alastrou e obrigou a medidas extremas de segurança. Tornaram-se adereço obrigatório, sobretudo na China, onde a doença surgiu na megacidade de Wuhan, 11 milhões de habitantes em quarentena obrigatória há semanas.
No entanto, e ao contrário do que possa ser ideia comum, as máscaras não são 100% eficazes. Longe disso. O virologista britânico David Carrington alerta que o seu uso não significa imunização total ao contágio. “Ficam demasiado soltas, não contêm filtros de ar e deixam os olhos expostos”, explicou o especialista à BBC. Além disso, se não forem tomadas outras medidas, os riscos continuam a ser elevados. As equipas de saúde alertam para a necessidade, por exemplo, de se lavar as mãos com sabonete desinfetante de forma regular e de se evitar tocar nos próprios olhos e nariz.
As primeiras máscaras foram pensadas no final do século XIX, quando o cirurgião francês Paul Berger, preocupado com os perigos de infeção para clínicos e médicos, sugeriu aos pares a utilização de proteções que eliminassem esses riscos. O apelo surtiu efeito e rapidamente a comunidade médica adotou o novo procedimento como prática corrente.
A gripe espanhola, em 1918, foi o grande teste ao uso em massa das máscaras clínicas pela população comum. Altamente mortal, o vírus, que terá provocado 50 milhões de mortos – há números não oficiais que apontam para 100 milhões de vítimas -, espalhou-se a nível planetário e obrigou a especiais cuidados de segurança. Locais públicos, como escolas ou igrejas, foram então encerrados e as pessoas que arriscavam sair à rua apenas o faziam munidas de tal equipamento, o qual, embora não totalmente eficaz, era um forte travão à transmissão da muito contagiosa doença.
As máscaras foram novamente grandes aliadas contra a propagação e pela segurança noutras pandemias de elevada gravidade, como foram os casos da gripe asiática, em 1957; da gripe de Hong Kong, em 1968; ou mais recentemente da gripe H1N1, em 2009. Tal como a gripe espanhola, estas doenças foram globais e caracterizaram-se pela facilidade de contágio e pela alta mortalidade a elas associadas. E, claro, pelo sublinhar das máscaras como fator de proteção contra males maiores. Baratas e de uso fácil, continuam a ser o mais acessível meio para tentar evitar o que parece inevitável. E para tentar que a vida se torne normal perante tantas ameaças de doença, nomeadamente o coronavírus.
Proteção (in)eficaz
A Organização Mundial de Saúde anunciou que a máscara N95 é a mais indicada para evitar o coronavírus. Tem eficácia de 95%, e está disponível nas farmácias por cerca de dez euros. Apenas funciona se colocada corretamente e não é adequada a crianças e a pessoas com pelo facial. “Conseguem melhores resultados porque têm porosidade com a mesma dimensão das partículas virais. As outras têm porosidade superior e são mais suscetíveis”, explica a médica Isabel Cachapuz Guerra, a trabalhar em Macau.