Passaram-se séculos e as marionetas jamais deixaram de se impor no imaginário popular, prendendo a atenção de todas as gerações.
Adaptação da palavra francesa marionnette, que significa fantoche ou boneco, a marioneta é antiga no tempo. Estes pequenos bonecos literalmente presos por arames e manejados com sábia destreza que lhes dão expressão e vida continuam a encantar o público Mundo fora. No Egito foram descobertas em tumbas figuras do género feitas em madeira que os arqueólogos estimam rondar os 2000 anos. E hieróglifos cujos desenhos apontam para o mesmo tipo de animação. Também na Índia há registo de marionetas sensivelmente do mesmo período. E na China, idem. Aliás, durante a dinastia chinesa Sung, entre 960 e 1279, eram usadas como sinal de estatuto social e quanto mais elaboradas mais sinal de poder de classe dos proprietários demonstravam. Na Ásia, precisamente, as marionetas sempre se constituíram como uma das principais formas artísticas, ganhando relevo significativo em países como a Coreia do Sul, o Japão, a Tailândia ou a Indonésia. Na Europa, encontraram relevo particular durante o renascimento, rivalizando de perto com outras formas artísticas, nomeadamente em Itália.
Em Portugal, Porto e Lisboa têm os seus museus exclusivamente dedicados às marionetas. Na Invicta, estão reunidos num espaço único os personagens criados por João Paulo Seara Cardoso (1956-2010), nome grande dessa arte (quem não se lembra do programa da RTP “Os Amigos do Gaspar”?) e fundador do Teatro de Marionetas do Porto. Na capital, no Convento das Bernardas, na Madragoa, é possível encontrar centenas de bonecos, documentos, fotografias ou cartazes que fizeram a história desta peculiar forma de cultura. Que chega a todos, é para todos, mas cuja manobra só está ao alcance de alguns.