Acorda às seis e meia da manhã. Garante que Portugal é um país de oportunidades. “Muito acelerado, muito pontual”, valoriza o trabalho e paga o seu custo acima da média. Os amigos avisam: “Ou se acompanha o ritmo ou se perde o comboio”.
Adolescente, saiu de Portugal para conhecer mundo. Na véspera da partida, corria 1984, o pai, trabalhador no porto de Leixões, contrário ao abandono escolar do rapaz, proferira a sentença. “Pensa no que vais fazer, porque se saíres não voltas a entrar.” Determinado desde miúdo, não pensou duas vezes.
Em Londres, serviu à mesa. Depois, cruzou-se com o destino de quem nasceu junto ao mar. Tripulante em cruzeiros de luxo, conheceu reis, reis depostos, presidentes, ex-presidentes, ministros, figuras do jet set. E portos míticos – Nova Iorque, Sydney, Rio de Janeiro, Hong Kong e São Francisco. Era menino para trabalhar 14 meses sem folgas. Ganhava, então, muito dinheiro.
Num dia de 1992, na cidade do Cabo, a mirar um dos Ferrari que mais tarde seriam seus, percebeu que lhe faltava família. Oito anos e cinco voltas ao Mundo depois, regressou aos pais e ao país, igualmente decidido, para se desdobrar por várias atividades empresariais, da restauração à hotelaria, da imobiliária à sua paixão, os cruzeiros fluviais.
Ao Douro foi buscar inspiração e fortuna, quando poucos faziam fé na navegabilidade intensiva do rio. “Fui um dos que não acreditaram”, confessa Pedro Morais Leitão. “Foi muito complicado, os presidentes de câmara não confiavam na ideia. A certa altura estava sozinho contra todos, acreditando sempre, confiando sempre na oportunidade incrível que o rio proporcionava”, conta o amigo. “Sempre aberto ao mundo”, diz Pedro Morais Leitão que a atitude é o que melhor define o fundador da Douro Azul.
“Sou por natureza muito acelerado. Muito pontual e viciado em ideias inovadoras e novas soluções”, diz Mário Ferreira em autorretrato. Hugo Bastos, oficial de marinha de formação, é colaborador de há mais de 20 anos. “Ou se acompanha o ritmo imposto ou se perde o comboio. Não gosta de ser defraudado, talvez por ser generoso e leal.” Os colaboradores chamam-lhe Tio, tratamento afetivo, dado pelas tripulações ao comandante do navio.
Acorda às seis e meia da manhã, é dos primeiros a chegar ao trabalho. Que valoriza. “Os ordenados estão muito baixos – basta ver o ordenado mínimo, indigno de um país europeu”, dizia, em 2014, à NM. Declaração rara no meio em que se move.
“Irrequieto”, investe agora no audiovisual, comprando à Prisa, 30,22% da Media Capital, detentora da TVI. “Já estou a pensar em formas de melhorar ou reinventar o canal, tenho passado muitas horas nisso”, revela, sabendo que iniciou um caminho difícil.
É candidato a uma viagem espacial. Fixado em novas tecnologias, dos drones a aplicações na internet. Pratica caça e mergulho. Coleciona relógios de pulso e botões de punho. “Mas, sobretudo, adoro fotografia.” Foi o seu primeiro negócio. “Com onze, doze anos, fotografava batizados e festas. Cheguei a fotografar um casamento e a receber pequenas gratificações.”
Ele próprio trata dos produtos que caça, “exclusivamente javalis e perdizes”. Amigos confirmam: “É um cozinheiro nato. É capaz de saber que tipo de manteiga foi introduzida numa receita”. São conhecidos o vol-au-vent de perdiz e o estufado da ave, em vinho tinto, com cebolinhas. Ou o javali em vinha-d’alhos. “Gosto muito de cozinhar e ainda mais de comer.” Não prescinde de jantar com calma, e com a família – a mulher e quatro filhos.
Mário Nuno Santos Ferreira
Cargo: Empresário
Nascimento: 15/01/1968 (52 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Matosinhos)