Maquilhagem em 50 sombras de negro

Uma das dicas de profissionais passa pela atenção ao protetor solar

Se antigamente era preciso improvisar e fazer misturas com os produtos disponíveis, hoje em dia maquilhar peles negras, nas suas várias gradações, é bem mais fácil. “As marcas foram alargando as gamas, e agora é possível encontrar produtos adequados a peles negras, tanto nas mais caras como nas mais acessíveis”, diz a maquilhadora Patrícia Santos.

A pele negra é habitualmente mais oleosa, explica a profissional que trabalhou como maquilhadora na RTP África. “Existe uma diferença entre oleosidade e luminosidade. Muitas vezes as peles negras são oleosas mas baças. Nesse caso, usaria um primer que oferecesse luminosidade.”

Algumas dificuldades, no entanto, persistem, e quanto mais escura a pele, mais complicado. Por exemplo, no que toca a contornos. A maquilhadora angolana Yara Lacerda utiliza como exemplo o tom de pele da atriz Lupita Nyong’o: “O contorno tem de ser dois a três tons mais escuro do que a base, é impossível encontrar em marca alguma um contorno em pó para uma pessoa tão escura. As alternativas são produtos em creme, trabalhar com bases muito escuras, o mais escuro que o mercado oferecer. Se não há para nós, desenrascamo-nos”. Outras dicas passam por ter atenção ao protetor solar – “Embora já haja mais oferta, geralmente não são feitos para a nossa pele, fazem com que fiquemos acinzentadas, esbranquiçadas” – e ao tom da base – “a nossa pele não é uniforme. Devemos escolher o tom da base pelo tom da bochecha, mas nas zonas mais escuras temos de dar sombra com o contorno, para equilibrar”.

A questão da representatividade é central para Yara Lacerda. E atualmente, reconhece, alargou-se a opção de escolha. A Black Up é uma marca que surgiu para preencher esse espaço no mercado da maquilhagem destinada às mulheres negras – podendo, no entanto, ser usada em qualquer tom de pele. A par da Lancôme, Yara destaca a M.A.C, tanto pela qualidade dos produtos para peles escuras como por ser pioneira em ter como imagem mulheres negras. Já Patrícia Santos tem como referência a Guerlain, a Yves Saint Laurent ou a Sleek.