Jorge Manuel Lopes

Ler e ver Eça de Queiroz

Eça de Queiroz nasceu em 1845 e faleceu em 1900

José Maria de Eça de Queiroz apagou-se pouco depois de se acenderem as luzes do século XX. O escritor, advogado, jornalista e diplomata que havia chegado em 1845, na Póvoa de Varzim, fruto de uma relação ainda não atada em casamento, partiu a 16 de agosto de 1900, em Neuilly-sur-Seine, às portas de Paris. Tinha 54 anos, uma esposa (Emília de Castro Pamplona) e quatro filhos (Maria, José Maria, António e Alberto). Desde 1989 que os seus restos mortais se encontram no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.

Um ano menos acidentado deixaria margem para homenagens abundantes a um dos escritores portugueses mais influentes e com obra mais presente no quotidiano, do Plano Nacional de Leitura aos filmes e séries televisivas. Não sendo os tempos normais assinala-se, em todo o caso, a data. Hoje, dia 16, pelas 18.30 horas, na Fundação Eça de Queiroz, na Casa de Tormes, na mesma freguesia onde o autor está sepultado, realiza-se um concerto de guitarra clássica pelo italiano Francesco Luciani. E nas livrarias já se encontram reedições, através da Livros do Brasil, de duas obras centrais: “O Crime do Padre Amaro”, de 1875, e “A Relíquia”, originalmente lançada em 1887. E se esta última não parece inspirar muitas transposições audiovisuais, já “O Crime do Padre Amaro” teve direito, num intervalo de tempo curto no início deste século, a duas adaptações ao cinema: primeiro através do realizador Carlos Carrera, em 2002, em cenário mexicano e com Gael García Bernal a encarnar o clérigo a quem Amélia (Ana Claudia Talancón) troca as voltas; depois, por mãos portuguesas, no ano 2005, com Carlos Coelho da Silva a dirigir Jorge Corrula e Soraia Chaves.

Se a tradução de Eça para imagens em movimento não despertar curiosidade (e “Singularidades de uma Rapariga Loura”, de Manoel de Oliveira, merece abundante atenção), há documentos cuja proximidade com o génio que inventou “Os Maias” é de um fascínio incontornável: é seguir até aos arquivos online da RTP, onde se encontra uma entrevista conduzida em 1969 com Maria Eça de Queiroz de Castro, a filha mais velha do escritor.