Inalador: “Pai, porque é que não põem o meu remédio numa lata de spray?”

O inalador é um dispositivo que permite fornecer doses controladas de medicamento para a asma

Como a história de uma menina asmática, cujo pai era presidente de uma empresa farmacêutica, revolucionou a vida de milhões de pessoas.

Eram ainda os anos 1950. A americana Susie Maison era só uma menina de 13 anos, cansada de andar às voltas com a asma, quando confrontou o pai com uma questão: “Porque é que não podem colocar o meu remédio para a asma numa lata de spray, como fazem com os sprays de cabelo?”. A sugestão, porventura só mais uma ideia delirante própria da idade dos porquês, tinha tudo para cair em saco roto. Só que Susie calhou de ser filha de George Maison, presidente da Riker Laboratories, empresa da indústria farmacêutica.

E George não ficou indiferente ao apelo da filha. Incumbiu por isso três cientistas da sua confiança de se dedicarem a dar corpo ao sonho de Susie. O resultado foi o aparecimento do inalador moderno, também chamado de bomba. Trata-se de um dispositivo que permite fornecer doses controladas de medicamento para a asma, que seguem diretamente para os pulmões. Para isso, basta pressionar um botão.

Para se ter uma noção mais exata do impacto da inovação introduzida pelos cientistas de George Maison basta recordar os números mais recentes da Organização Mundial de Saúde em relação à asma. Trata-se da doença não contagiosa mais comum em crianças e estima-se que afete mais de 300 milhões de pessoas em todo o Mundo.

Mas, afinal, antes da descoberta inovadora dos homens de Maison, como é que os asmáticos combatiam a falta de ar?

A resposta varia consoante a era, em mais uma prova de que o engenho humano é quase infinito quando estimulado pela necessidade. Basta olhar para as conclusões de um estudo de 2010, conduzido por investigadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido. Na sequência desse trabalho, os cientistas perceberam que há 3 500 anos os egípcios já aplicavam tratamentos respiratórios que “incluíam o consumo de uma variedade de preparações com produtos vegetais, animais e minerais, mas também a administração de substâncias ativas diretamente nos pulmões por meio de inalação”.

Mais curioso é lembrar uma velha forma de aplicar estes tratamentos – nada menos do que os cigarros. Durante muito tempo, esses pequenos venenos ajudaram a levar a atropina (substância outrora usada para tratar a asma) diretamente aos pulmões. Mais tarde vieram os nebulizadores, que se pareciam com os velhos frascos de perfume. Só que, além da fragilidade, não permitiam aplicar uma dose uniforme. Daí que Susie tenha suspirado por sprays. E em boa hora o fez.