Francisco Rodrigues dos Santos: direita volver

Francisco Rodrigues dos Santos, presidente do CDS-PP

Filho de um oficial do Exército, ex-aluno do Colégio Militar, o novo presidente do CDS promete "um partido sexy". Católico conservador, adora Coca-Cola zero, o Sporting e os livros de José Rodrigues dos Santos.

De olhos muito azuis e sorriso fácil, chamam-lhe Chicão. Ele explica: “Chicão surgiu ainda na faculdade, em consequência da minha gravitas, da minha liderança, da minha popularidade. Depois, na Juventude Popular, o termo foi imortalizado por Paulo Portas”.

Não falta autoestima ao recém-eleito presidente do CDS-PP. “Tenho a capacidade de fazer compromissos, a noção clara dos objetivos e de como os atingir”, diz. “Sou destemido, sou a novidade e o CDS precisa de novidade”, declara, de si e do partido. Aliás, resume a vitória no congresso de Aveiro em duas palavras: “Tenho carisma”.

António Lobo Xavier elogia-lhe a “vontade de mudar tudo”. Pires de Lima aconselha-o “a apurar a cultura democrática”. Mal refeitos dos resultados do “conclave”, os críticos internos preferem a discrição. Porém, não escondem temor. Têm pela frente, dizem, um “homem ambicioso”, apreciador “do culto da personalidade”, “obcecado em colocar pedras fiéis nos locais certos”, “manipulador” que se afirma na oratória “gongórica” e num discurso “serôdio e reacionário”, bem capaz de transformar um partido “com vocação abrangente” num nicho. “Numa trincheira.”

Francisco Rodrigues dos Santos chegou ao congresso de Aveiro líder da Juventude Popular e à JP em 2007, preparava-se Ribeiro e Castro para deixar a presidência do partido. O antigo líder não poupa elogios ao recém-eleito: “Muito determinado, com grande capacidade de liderança, soube rodear-se de amigos capazes”. Tem o novo presidente na conta de “um democrata-cristão, conservador, sim, porém longe do extremista que alguns descrevem, por medo de perderem o poder total que tinham no partido”. Agora é o tempo do “francisquismo”, conclui.

Francisco gosta dos livros do jornalista José Rodrigues dos Santos (de quem não é familiar), dos filmes de Tarantino, da música dos Guns N’Roses e da de Zeca Afonso. Gosta de desporto, do Sporting, clube de que foi dirigente, e do treinador Jorge Jesus. Mas não só. “Gosto de ir à missa, aprecio sobretudo a homilia.” Não toma pequeno-almoço, mas “adora jantar fora”. Gosta de “Coca-Cola zero e de um naco de lombo na pedra”.

Pouco dado a medos, teme ser mal interpretado no próprio partido. Para os opositores, porém, não há segundas interpretações para o facto de ter uma direção composta apenas por homens: vem na linha de quem sempre foi crítico violento das quotas.

Vai casar no dia 4 de outubro. “Gostava de ter os filhos que a minha mulher desejar porque ela é que é a responsável pela maternidade”, diz. Pediu a noiva em casamento no Vaticano, numa viagem de ambos a Roma, contrariando curiosamente o cânone conservador de que é feroz defensor: a mão da noiva é pedida ao pai dela e viagens com a futura mulher só depois de realizado o casamento. Aceita a provocação.

É o mais velho de três irmãos, filho de um oficial do Exército e de uma advogada. Nasceu em Coimbra, aos cinco anos mudou-se para Vila Nova da Barquinha. Frequentou o Colégio Militar, estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi capitão da equipa de futebol (jogava a lateral-direito).

Filiado no CDS-PP desde 2011, promete “um partido sexy”. Chegou ao Congresso líder dos pequeninos. Saiu vencedor. Pelo sim, pelo não, entrou no Parque de Exposições de Aveiro com o pé direito.

Francisco José Nina Martins Rodrigues dos Santos
Cargo: Presidente do CDS-PP
Nascimento: 29/09/1988 (31 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Coimbra)