Cravadas na pele, há fragrâncias capazes de reavivar sentimentos e promover viagens ao passado. Guardados num frasco, os cheiros narram episódios de infância, retratam paixões e espelham personalidades. No inverno, fora de portas, as temperaturas convidam a essências mais aconchegantes. No verão, pede-se frescura. Atentas estão as grandes superfícies que, por norma, têm sugestões para cada temporada. Na perfumaria de nicho, que oferece produtos personalizados, as regras não são tão vincadas.
“Trata-se de marcas que têm uma liberdade de criação muito mais autêntica e propensa a apresentar composições com conjugações incomuns”, realça Lourenço Lucena, compositor de perfumes desde 2006 e membro da Sociedade Francesa dos Perfumistas.
A personalização dos cheiros é um fenómeno em crescimento. O processo de criação exige um conhecimento profundo do cliente. Entre dar asas à criatividade e o produto final pode-se demorar meio ano. A escolha da fragrância não obedece a tendências restritas. Varia consoante os gostos.
“Este ano já se poderá começar a sentir a importância das matérias-primas naturais”, anuncia Lourenço Lucena. “Vivemos numa época em que o digital leva a uma anulação do ser humano em detrimento da máquina. Acho que a sociedade vai ter de encontrar formas para continuar a sentir-se humana. Uma das tendências será o aparecimento de propostas em que se volta um pouco atrás, à essência. Iremos assistir ao aumento de perfumes funcionais que nos façam sentir bem e nos ajudem a contrariar as amarguras do dia a dia.”
Num mundo cada vez mais desperto para a sustentabilidade, somam-se ainda marcas adeptas de produtos biológicos. Com produção própria desde 2016, a Organii assenta em três eixos: a saúde, o ambiente e os animais. “As pessoas querem um produto que lhes faça bem e não prejudique o planeta”, garante Cátia Curica, fundadora da marca.