Um rastilho aceso e lá vai ele a grande velocidade rumo às alturas, onde explode num som seco e poderoso que faz o gáudio de quem está cá em baixo – pelo menos dos humanos, já que costuma apavorar animais, como cães e gatos, sensíveis a tamanha barulheira. O foguete é símbolo sonoro de festa em Portugal, não há romaria que o dispense, sobretudo em agosto, mês de celebrações populares do Minho ao Algarve. Uma cana ou uma vara estabilizam-lhe a trajetória, para que não siga aos ziguezagues, e uma pequena porção de pólvora faz o resto. Também faz sucesso noutras partes do Globo, como no Brasil, onde são conhecidos como… rojões.
Diz a História que os primeiros foguetes foram lançados na Índia e na China no século IX, o mesmo século em que foi inventada a pólvora, composta por enxofre, carvão vegetal e nitrato de potássio, o chamado salitre. Eram então utilizados por motivos recreativos, para assinalar feitos importantes para as comunidades, embora tivessem também papel de destaque em ações militares e até de alertas vários, tornando-se um importante meio de comunicações em época em que estas não estavam, de todo, facilitadas.
Como não há bela sem senão, os foguetes têm o seu quê de melindroso e, sabe-se, de perigoso. Tal acontece quando rebentam onde não deveriam rebentar, nas mãos de quem os lança e não no ar, e provocam lesões gravíssimas que geralmente levam à amputação de dedos ou mesmo da mão inteira. Ou quando provocam incêndios por caírem em zonas de mato – por isso é proibido o seu lançamento pela Autoridade Nacional de Emergência da Proteção Civil mal as temperaturas atingem picos elevados e a secura do ar é uma realidade, como aconteceu este mês, assim que os termómetros galgaram os 30 graus em praticamente todo o país. Ainda assim, com ou sem covid, não há verão que os dispense.