Feng Shui. Arrumar a casa, arrumar a mente

A disposição dos móveis obedece a uma lógica, a uma atmosfera ideal feita de cores, texturas, materiais, formas e até mesmo aromas que representam os cinco elementos do Feng Shui

É uma boa altura para testar todo o potencial da arte milenar chinesa que se baseia na harmonia dos espaços. Ambientes arejados, secretária junto à janela, plantas na varanda.

Harmoniza as energias da natureza dentro de um espaço, torna os ambientes agradáveis, aumenta o bem-estar, estimula novas relações com os compartimentos de uma casa ou do local de trabalho. Como tudo se conjuga, como tudo tem uma razão de ser. O Feng Shui significa literalmente vento e água, é uma arte milenar chinesa com cerca de 3 500 anos, uma ferramenta que proporciona equilíbrio a quem a pratica. Deixar fluir as boas energias, aproveitar a tranquilidade. Em tempo de quarentena e isolamento social, o Feng Shui mostra o seu potencial. Sem grande custo, sem demasiado esforço.

Em dois meses, Orlando Henrique, empresário e coach na área de desenvolvimento pessoal, transformou a sua casa, mudou a sua vida. Retirou objetos que estavam a mais, parados, sem qualquer sentido. Desbloqueou o acesso à varanda vedada por tralha, colocou um relógio antigo a funcionar, pôs mais uma almofada na cama e dois candeeiros no quarto, mudou o sítio do escritório em casa. “Devemos não só estar disponíveis para o que aconteça, como podemos ser criativos e criadores do nosso próprio espaço e do nosso contexto”, diz. Foi o que aconteceu quando decidiu perceber o que o Feng Shui tinha para oferecer.

Mudanças no lar, mudanças internas. Na consciência, no bem-estar físico e mental, no relacionamento consigo e com os outros. “Nós também somos energia, a nossa vibração interior passa a ser diferente. Mudamos o sistema energético, passamos a ter uma outra vibração”, explica.

A arte chinesa tenta melhorar a vida das pessoas e a sua sorte. Miguel Dias, agente da Remax, tornou-se adepto do Feng Shui quando percebeu as suas potencialidades, o leque de possibilidades. Na sua tese final de curso, debruçou-se sobre o Feng Shui nos imóveis e no marketing verde. “O importante é não ter muito ruído dentro de casa, tudo muito clean, espaços amplos, sítios arejados”, realça. Resolveu aplicar essa arte nas duas agências imobiliárias que dirige na área de Paço de Arcos e Linda-a-Velha, que ficaram com outro visual.

A disposição dos móveis obedece a uma lógica, a uma atmosfera ideal feita de cores, texturas, materiais, formas e até mesmo aromas que representam os cinco elementos do Feng Shui: fogo, solo, metal, água, árvore. Há um cálculo feito com base na data de nascimento que indica quais os elementos que correspondem a cada pessoa. A partir daí, sabe-se quais as melhores direções, as tonalidades adequadas. Miguel Dias pediu a uma especialista que fizesse esse estudo para os 70 colaboradores das duas agências. Tratou-se da decoração e do layout dos espaços para melhor bem-estar, mais serenidade, maior produtividade. “O segredo é a forma como a energia circula e isso vê-se. Há muita coisa testada, não há que inventar muito. É sentir e fluir”, frisa Miguel Dias.

Luz, natureza, fotografias

O Feng Shui procura mostrar o lado positivo das coisas, da vida – o que ganha particular importância nas atuais circunstâncias. É um tema com uma variedade de fórmulas e muitas possibilidades de análise e prática. “A harmonia do espaço acaba por ter impacto na nossa vida, quer em termos profissionais, quer em termos pessoais. Acaba por nos equilibrar e isso confere uma maior estabilidade relacional, quer em termos sociais, quer da própria saúde”, considera Vanda Boavida, professora e consultora internacional de Feng Shui. Esta altura de confinamento é excelente para potenciar essa arte-ferramenta. “Temos a casa a auxiliar o bem-estar, para estarmos mais serenos e tranquilos. A arrumação é importante, arrumar a nossa casa é arrumar a nossa mente”, acrescenta.

Com o teletrabalho em alta, é importante ter um espaço para trabalhar em casa, uma secretária o mais perto possível da janela, um objeto amarelo (pode ser uma caneca, um vaso, um desenho, o wallpaper do computador) para estimular o foco (não em exagero porque abre o apetite), e luz branca à noite para concentração (amarela para conforto). “Precisamos de exposição solar, aproveitar a luz o mais possível e o contacto com o exterior para não nos sentirmos tão deprimidos e isolados”, sugere a especialista. Nada de parede à frente da secretária ou costas voltadas para uma porta.

Uma planta na secretária, vasos nas varandas ou flores para tratar ajudam a manter o contacto com a natureza. “Mexer na terra acaba por ser uma terapia.” Vanda Boavida aconselha a fazer desenhos positivos, a espalhar fotografias pela casa, a fazer infusões com cascas de limão, laranja ou canela, que espalhem bons aromas pelos compartimentos do lar. “É uma forma de nos sentirmos mais protegidos e não tão fragilizados”. É também importante arejar a casa durante 30 minutos, no mínimo, todos os dias. O ar que vem de fora purifica os espaços interiores. Respirar para serenar.

Dicas em casa e no trabalho

  • Gavetas, armários, roupeiros arrumados. Casa arrumada, mente equilibrada.
  • Cuidar de plantas na varanda, manter o contacto com a natureza.
  • Sapatos do exterior devem ficar à porta para que não se misturem com o calçado que se usa dentro de casa.
  • Não dormir com os pés virados para a porta.
  • Arejar a casa durante pelo menos meia hora todos os dias, para facilitar a circulação de ar.