Fecho éclair: e a culpa é dos sapatos (a sério)

Em 1890, o russo Max Wolf inventou o seu próprio fecho, mas este não foi comercializado por ser demasiado à frente para a época

A preguiça aguça o engenho. A expressão, ligeira adaptação da versão da sabedoria popular que relaciona a arte da invenção com a necessidade, assenta como uma luva à criação do fecho-éclair e a um engenheiro americano chamado Whitcomb Judson. Foi ele o responsável pela apresentação do zíper durante a Exposição Mundial, em Chicago (EUA), no longínquo ano de 1893. Como chegou lá? É aqui que entra um dos sete pecados mortais. Whitcomb andava farto de apertar e desapertar os cordões dos sapatos. Nascia então a versão primitiva do fecho-éclair: na altura, não passava de um artefacto rudimentar, composto por ganchos e argolas.

Whitcomb Judson

Curiosamente, a ideia surgiu uns 40 anos antes, tendo sido negligenciada. Culpa de Elias Howe, inventor da máquina de costura, que estava tão focado na sua obra-prima que quando, em 1851, recebeu a patente de um “sistema de fecho automático e contínuo para roupa” nem fez caso. Antes de Whitcomb, em 1890, o russo Max Wolf inventou o seu próprio fecho, mas que também não foi comercializado por ser demasiado à frente para a época. Via aberta para Whitcomb brilhar em Chicago, mesmo que o sistema só se tenha massificado quando o sueco-americano Gideon Sundback desenvolveu o sistema atual. Para tal, contou com uns quantos contributos vitais: dos aviadores americanos, que durante a Primeira Guerra Mundial o usaram para fechar os uniformes, à modista francesa Elsa Schiaparelli, que o introduziu na alta-costura. No que deu a preguiça.