Desfrutar da vida à varanda

(Foto: Rui Ferreira da Silva)

A trabalhar ou em família. No campo ou na cidade. Qualquer varanda, terraço ou marquise pode servir de escritório ou convidar ao lazer. Sem sair de casa, tornam-se espaços alternativos para respirar ar puro e sentir-se de novo na rua. A decoração não tem de ser um bicho de sete cabeças. Basta dispensar o estendal da roupa e virar a garagem do avesso em busca de almofadas, carpetes velhas ou mobília não utilizada.

“As varandas são uma extensão da casa, regra geral desaproveitadas. Neste momento, apresentam-se como um dos espaços mais importantes nas nossas vidas. São a única ligação segura com o exterior. São o nosso jardim no centro da cidade, a nossa sensação de liberdade”, frisa a designer de interiores Rita Salgueiro.

Quando o tema é improvisar, não há limites impostos à imaginação. No ramo da decoração há vários anos, Rita Salgueiro deixa algumas dicas para utilizar a prata da casa. “Todos temos um tapete que está às portas da morte. Acho essencial colocá-lo à varanda para conseguirmos andar descalços e dar um ar mais descontraído numa situação de contenção como esta. Se pusermos ainda almofadas, tiradas de várias divisões, ótimo. Podemos também ir buscar os cadeirões de apoio à sala de estar.” Mantas e cobertores também deixam as quatro paredes para aconchegar os finais de tarde, ainda frescos, à varanda.

No que toca ao teletrabalho, a luz natural pode ser um aliado. Rita Salgueiro traça o cenário de um possível escritório: a mesa da cozinha serve de secretária, com os chapéus-de-sol ou de chuva a fazer sombra ao computador. Findo o horário laboral, para quem procura um ambiente de lazer, a ajuda dos mais novos é uma mais-valia na adaptação do exterior. “Se tivermos plantas na varanda, os miúdos podem pintar vasos. Quem não tiver, pode criar um jardim de papel. Pegar em folhas de revista, fazer flores e pintar”, sugere.

Para quem gosta de terra, cultivar pequenos legumes e ervas aromáticas é outra alternativa. “As varandas são locais protegidos de forças da natureza mais agressivas”, lembra Nuno Henriques, designer do Porto Standards, alertando para a importância de reunir todas as condições de segurança.

“Apesar de terem guardas devidamente reguladas, por vezes não são o suficiente. Colocar uma placa de acrílico ou até paus de bambu poderá ajudar a dar uma maior proteção.”

E se nem sempre os materiais disponíveis nos arrumos domésticos são impermeáveis, Mário Azevedo, fundador do gabinete INAIN Interior Design, na cidade Invicta, sugere uma decoração com utensílios de praia. São soluções provisórias para meses de maior reclusão. “Os pára-ventos podem servir de barreira, mas também podemos pegar num pufe velho e revesti-lo com o pára-vento”, exemplifica Mário Azevedo, frisando a necessidade de se conferir conforto às varandas, passadas as restrições de resguardo no lar impostas pela Covid-19.

“O momento que estamos a viver vai fazer as pessoas repensarem a sua vida e perceberem que é melhor e mais rentável ter uma casa confortável, adaptando o interior e o exterior.”