Da Serra da Estrela para a tábua

Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens

Único queijo consumido pelos navegadores portugueses protagonistas das Descobertas, impôs-se como produto de excelência. Com regras muito próprias e nuances que vale a pena conhecer. E provar.

Das terras frias e altas da Serra da Estrela chega um queijo com variantes singulares, sabores diversos e odores que não enganam. Um conjunto de originalidades que o tornam único.

Pode ser designado como Queijo da Serra – é dele que estamos a falar, pois claro – “o produto obtido por esgotamento lento da coalhada, após coagulação do leite de ovelha estreme obtido através da ordenha de fêmeas de raça Bordaleira Serra da Estrela ou de raça Churra Mondegueira”. Assim o diz o Caderno de Especificações que define os critérios de atribuição de Denominação de Origem Protegida (DOP). Para prevenir enganos, o melhor é confirmar se o queijo que pretende comprar contém tal marca.

“A única forma de o identificar com qualidade garantida é através do selo DOP”, avisa os mais desatentos Daniel Carvalho, da Queijaria Central, em Braga.

Confirmada a origem, o passo seguinte é viajar pelas variedades disponíveis. A escolha pode ir dos mais curados e apurados aos semi-moles, passando pelos quase líquidos. “Os mais puristas definem o semi-mole como o verdadeiro Queijo da Serra”, explica Daniel Carvalho.

Olga Carvalho, da Queijaria Amaral, uma das mais antigas do Porto, lembra que “quanto mais mais curado, mais intenso se torna na boca”. Daí que acabe por ser outro, o amanteigado, “a levar a preferência da maioria, por ser mais fácil de comer”.

Considerado o mais antigo dos queijos portugueses, o Serra da Estrela tem lugar na História. Nos séculos XV e XVI, devido às suas capacidades nutrientes e à forte resistência, foi o único queijo consumido a bordo das naus e caravelas durante a epopeia das Descobertas.