As tropas de Napoleão estavam a morrer. Mais de fome e de sede do que dos ferimentos de combate. A crise foi tal que, em 1795, o Governo francês ofereceu um prémio de 12 mil francos a quem apresentasse uma forma eficiente de preservar os alimentos.
O confeiteiro parisiense Nicolas Appert, que trabalhava como padeiro e produtor de vinhos, ficou interessado. Se o vinho sobrevivia em garrafas de vidro, porque não fazer o mesmo com a comida? Demorou 15 anos a aprimorar o processo. No fim, depois de cozinhar parcialmente os alimentos e de os selar dentro de garrafas com rolhas, chegou à conclusão: o que estava lá dentro não se estragava. A ideia foi publicada num livro que chegou às mãos do comerciante inglês Peter Durand. Em 1810, o rei George III assegurou-lhe a patente do uso de recipientes revestidos a estanho. Assim nascia a lata de conserva, que, tal como o vidro, podia ser selada hermeticamente. Só não se partia com tanta facilidade.
O inventor não chegou a pôr a ideia em prática, mas os compatriotas Bryan Donkin e John Hall foram bem sucedidos. Após um ano de experiências, criaram uma fábrica. E, em 1815, os soldados franceses e britânicos já se alimentavam com enlatados. À medida que as conservas corriam Mundo, a indústria expandiu-se para novos territórios.
Durante quase 100 anos, as latas foram feitas à mão. Com a revolução industrial, a procura aumentou, fazendo com que as mãos fossem substituídas por máquinas. Hoje, estima-se que sejam produzidos 200 mil milhões de recipientes. Portugal tem longa tradição na preparação de conservas. Na década de 1940, foi mesmo o maior exportador de conservas do Mundo. Porque este é um setor que nasceu e cresceu alimentado pela guerra.