Cervejas pretas e artesanais

“Os portugueses estão a começar a aceitar bem as cervejas pretas artesanais”, considera João Martins, da Fábrica da Picaria, bar de cerveja no Porto (Foto: PxHere)

Negra, cremosa, com um ligeiro travo amargo, outras vezes mais adocicada, quente. A cerveja preta tem tradição profunda e as fábricas artesanais não a dispensam.

A Dois Corvos, com sede em Marvila, Lisboa, disponibiliza a Galáxia e a Finisterra, respetivamente uma Milk Stout, com origem nas receitas inglesas com notas de café, chocolate e caramelo; e uma Imperial Porter, igualmente marcada por travos de chocolate e caramelo, mas também alusões a fruta. “Suficientemente escura para pôr uma nódoa na roupa”, como originalmente se apresenta.

Já a Musa, também originária de Lisboa, lançou a Baltic Sabbath, de estágio prolongado e 7% de álcool, “para gente rija quando precisa e delicada quando pode”; e a Y.M.C.ALE, com ainda mais teor alcoólico, 10%, e travos de chocolate negro; a que se junta a Twist and Stout, mais aveludada.

A Letra, proveniente da minhota Vila Verde, apresenta a Letra C e a Letra G, a primeira mais cremosa e a segunda com mais gosto a café, com diferentes graus: 5,5% e uns potentes 10,5%, respetivamente. A Colossus, do Porto, tem na Vasco, assim batizada em homenagem ao navegador Vasco da Gama, “uma Imperial Stout relativamente leve para o estilo que se apresenta”. E a Vadia, de Oliveira de Azeméis, produz a Nautika e a Preta, ambas com lúpulo alemão. E não é por acaso, pois foi precisamente na Alemanha que surgiram as primeiras cervejas pretas, no final do século XIV. A Brunswick Mum entrou na história como a primeira marca do género.

“Os portugueses estão a começar a aceitar bem as cervejas pretas artesanais. Ainda não houve o boom, mas acredito que estamos num processo inicial de consolidação de preferências”, considera João Martins, da Fábrica da Picaria, bar de cerveja no Porto. “Falta abrir mentalidades”, considera.

“Curioso é que tanto homens como mulheres têm curiosidade em experimentá-las. Mesmo no calor, tempo a que não estão associadas por serem cervejas de inverno”, aponta, por sua vez, Odair Júnior, do Hop Trip, casa de Matosinhos que também tem na cerveja a sua especialidade.