O calor aumenta o apetite sexual?

Texto Sara Dias Oliveira

Verão, sol, calor, mais praia, menos roupa no corpo, menos preocupações na cabeça, mais tempo livre, dias mais longos, férias, mais disponibilidade para o lazer e para o prazer. O calor aumenta o apetite sexual? A comunidade científica não tem explicações rigorosas sobre o assunto, mas há uma série de combinações, conjugações, fatores internos e externos, que potenciam ou diminuem essa vontade.

Sílvia Roque, sexóloga e ginecologista, confirma que não há estudos científicos, nem dados exatos, que façam a ligação entre calor e aumento da atividade sexual. “O que conta é a expetativa das férias, do lazer, dos encontros e das aventuras que elas podem trazer, e que faz com que um neurotransmissor, a serotonina, que diminui com o stress e cansaço, possa aumentar e, com ela, elevar a sensação de bem-estar e a disponibilidade para uma boa sexualidade”, explica.

A sensação de bem-estar, com menos cansaço e stress, aumenta a disponibilidade para o sexo

Há sensações que podem não estar fixadas nos manuais científicos, mas há coisas que se pressentem na pele. Homens e mulheres precisam de descanso, de menos stress, de sair das rotinas, para estarem mais recetivos. E o cheiro dos corpos fica mais intenso no verão, com a pele mais descoberta. O que aumenta a atração sexual.

“No desejo sexual, nem a idade nem o sexo têm muita interferência, mas sim a envolvência e o bem-estar físico e psicológico”, refere a especialista. Internamente, o bem-estar é fundamental em ambos os sexos. E externamente há também fatores que podem despertar a libido. Corpos mais despidos, o odor, os bronzeados, as festas, as noites mais longas. Combinações que, regra geral, aumentam a sensualidade e a sexualidade.

“No desejo sexual, nem a idade nem o sexo têm muita interferência, mas sim a envolvência e o bem-estar físico e psicológico”
Sílvia Roque
Sexóloga

E a falta de desejo sexual, com ou sem calor? Há vários fatores que contribuem para isso, nomeadamente o défice de testosterona, o hipotiroidismo, a diabetes, a menopausa com menos estrogénios e testosterona. “Também alguns medicamentos como os antidepressivos, anti-hipertensores (betabloqueantes), anti-histamínicos e a pílula contracetiva podem diminuir o desejo sexual”, refere Sílvia Roque. Mas todos os fatores podem ser corrigidos para que o desejo volte a aumentar.

“Um fator muito mencionado, e cada vez mais atual, é a menopausa. Se a mulher for compensada com hormonas, muitas das vezes iguais às que perdeu (estrogénios e progesterona), o desejo pode voltar”, explica a sexóloga. “Daí a importância do acompanhamento médico em todas as fases da vida para uma boa sexualidade.”