Bule: da Ásia para todas as mesas

Logo desde os seus primórdios que os bules não demoraram a conquistar estatuto

O chá, fortemente associado à cultura oriental, é o grande culpado do aparecimento do bule. Atribuídas as responsabilidades, passemos às apresentações. O bule nasceu na China e dizem os historiadores que, por entre os século XIII e XIV, foi levado para o Japão por monges budistas. É um recipiente utilizado para servir bebidas quentes e da Ásia espalhou-se mais tarde para todos os cantos do Globo. De metal, de cerâmica, de porcelana, até de vidro, caracteriza-se por conservar o calor durante tempo considerável e, assim, garantir a qualidade e a temperatura dos líquidos que armazena.

Logo desde os seus primórdios que os bules não demoraram a conquistar estatuto. De simples utensílios para uma tarefa que pouco ou nada requeria de exigência, transformaram-se em objeto de culto. Bastou para isso que se fossem aprimorando em riqueza os materiais com que foram sendo construídos e trabalhadas as suas formas. Tornou-se quase arte, portanto. Tanto assim foi que quando os bules chegaram à Europa, no século XVII, trazidos pela Companhia Britânica das Índias Orientais juntamente com o chá, surgiram como objetos que marcavam a diferença entre classes sociais. Entre os mais abastados, era sinal de ostentação possuir bules com desenhos elegantes, originários das mais finas fábricas que se dedicavam em exclusivo ao seu fabrico, nomeadamente em porcelana de Meissen, a primeira porcelana fabricada em exclusivo no Velho Continente, originária de Dresden (Alemanha).

Em Inglaterra, cidades houve, como Stoke-on-Trent, que centraram a indústria em torno da produção de bules, sobretudo a partir do século XVIII. Especialistas britânicos referem que o crescimento do negócio foi de tal forma substantivo que mais de 200 empresas se registaram como dedicadas a tão exclusiva produção.

Nos Estados Unidos, o bule é tema de uma canção infantil cantada desde a década de 30 do século passado. “I’m a little teapot” (“Sou um pequeno bule”), assim se chama a melodia, entrou no imaginário popular e atravessou gerações. Até hoje.