Bolsonaro, homens grávidos e a vacina
Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.
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Espero que tenha adquirido este jornal domingueiro antes da uma da tarde, já que depois disso a visita ao quiosque pode contar como prevaricação do estado de emergência. A não ser que seja uma das exceções previstas. O Costa disse alguma coisa sobre crónicas de tipas com a mania que têm graça?
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Foi uma das grandes notícias da semana: a farmacêutica Pfizer e a sua parceira BioNTech anunciaram que os resultados preliminares da sua vacina contra a covid-19 revelaram uma eficácia de 90%. Não sei se vamos arranjar vacinas que cheguem para todos, por isso sugiro um sistema de ir acumulando autocolantes numa cadernetazinha, como se faz para ganhar aqueles pirex do Continente. “Está a fazer a coleção?” Estou, que quero uma vacina a sério e não um torrão de açúcar homeopático diluído naquela água de pôr no ferro de engomar.
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Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto denunciou muitas incongruências nas listas de dados de pacientes de covid-19 compiladas pela DGS. Entre elas, três homens grávidos. Coitados, não lhes bastava terem covid ainda vão ficar com estrias e os mamilos gretados.
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Outros dos doentes teria 134 anos de idade. Eu sei que não é um dado real, mas eu por mim deixava passar. Depois de tudo o que aconteceu este ano eu também me sinto com 134 anos. 2020 conta mais do que anos de cão.
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E por falar em cão: em janeiro, quando se mudar para a Casa Branca (isto se Trump não se tiver barricado no WC aos berros, tipo Manuel Subtil na RTP, em 2001), Joe Biden irá levar com ele o primeiro cão resgatado de um canil a morar na residência presidencial. É um pastor alemão chamado Major. Espero que Biden se tenha habituado com ele a apanhar cocós, porque suspeito que é essencialmente o que vai andar a fazer nos próximos quatro anos.
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Uma funcionária nomeada por Donald Trump recusa assinar o documento que dá início à transição de poder, impedindo que a campanha do presidente eleito dos Estados Unidos inicie formalmente o seu trabalho. Trump governa como aquelas pessoas que marcam lugar na zona de restauração do centro comercial quando nem sequer têm tabuleiro: com regras próprias e a fingir que não está a ver quem está mesmo à sua frente.
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Rui Rio acusou o PS de se fazer de “virgem ofendida” e de “jogar baixo”, em virtude das críticas feitas ao acordo para a viabilização com o Chega no governo dos Açores. Em causa, uma comparação com os acordos feitos por Costa com o PCP e o Bloco. O que é como Rio criticar uma pessoa que está a alimentar-se de bolo de chocolate enquanto come um ensopado de cianeto: um até pode às vezes não ser muito saudável, mas o outro é absolutamente mortal.
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Bolsonaro afirmou que o Brasil tem “de deixar de ser um país de maricas”, referindo-se ao medo em torno da pandemia de covid-19. Em relação àquela choraminguice toda com uma facada imaginária, relembram-no vocês ou mando eu um WhatsApp?