Asma, a doença que aperta os brônquios

Não é uma hereditária, mas tem uma componente de predisposição familiar. Cerca de 700 mil portugueses sofrem desta inflamação crónica, 10% dos quais na sua forma mais grave. Os jovens são o grupo mais afetado.

A asma é uma doença inflamatória crónica em que existe um broncoespasmo, ou seja, um estreitamento dos brônquios, desencadeado por fatores alérgicos e não alérgicos. Este espasmo dos brônquios provoca uma sensação de falta de ar acompanhada de uma inflamação. Desta forma, a passagem do ar diminui, que significa cansaço, pieira, e pode mesmo provocar alterações na oxigenação do sangue. Em todo o Mundo, a asma afeta aproximadamente 242 milhões de pessoas, 700 mil são portugueses, 6,8% da população. Destes, 10% sofrem de asma grave.

“A asma não é uma doença hereditária, mas pode haver uma predisposição familiar, ou seja, havendo história de familiares com asma, há maior probabilidade de os descendentes virem também a ter a doença. No entanto, qualquer pessoa pode sofrer de asma, sendo mais frequente o seu aparecimento em jovens”, explica Ulisses Brito, diretor do serviço de Pneumologia do Hospital de Faro.

Cerca de 40% dos doentes são internados, pelo menos, uma vez por ano devido a um ataque de asma

As causas de asma são essencialmente alérgicas, sobretudo aos ácaros (pó da casa), pólenes de árvores, gramíneas, flores, pelos de animais (cão, gato, cavalo), entre outras. E não alérgicas, em que as crises são desencadeadas pelas infeções brônquicas virais ou bacterianas. Os grupos mais afetados são os jovens.

“O impacto é sobretudo na qualidade de vida, ou seja, o doente com asma grave é um doente com agudizações frequentes da sua doença, com recursos frequentes aos serviços de urgência e necessidade de internamentos hospitalares, utilização permanente de muita medicação, alguma com efeitos secundários importantes e repercussão na capacidade de realização de esforços físicos”, adianta Ulisses Brito.

Uma forma de prevenção é evitar o contacto com os alergénios que desencadeiam a doença. Segundo o pneumologista, “ter a asma controlada significa ter uma vida normal, em termos de realização de esforços físicos, não necessitar de recorrer aos serviços de urgência nem ter internamentos hospitalares, ou de recorrer a medicação que possa ter efeitos secundários indesejáveis ou que venham a causar outros problemas de saúde”.

A asma afeta cerca de 242 milhões de pessoas em todo o Mundo e é responsável por 180 mil mortes todos os anos

Um em cada cinco doentes de asma grave perde, no mínimo, um dia de trabalho ou escola a cada 15 dias devido à doença. E por causa do uso continuado e prolongado de doses elevadas de corticosteroides, os doentes de asma grave estão mais sujeitos a sofrer, a longo prazo, de excesso de peso, depressão, ansiedade, diabetes e hipertensão.

Um quadro clínico de asma tem um grande impacto no dia a dia dos doentes e requer tratamento com doses elevadas de corticoides inalados e um controlador adicional para prevenir o descontrolo da doença. As terapêuticas biológicas trazem ganhos muito importantes na qualidade de vida dos doentes.

A campanha com o mote “Vencer a asma, antes que a asma o vença a si!”, que envolve a Associação Portuguesa de Asmáticos, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica e o Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, tem andado por várias cidades portuguesas com rastreios, testes de controlo da asma, e distribuição de informação. Esta semana, esteve no Algarve.