As mulheres sofrem mais de osteoporose. Porquê?

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A doença fragiliza os ossos e atinge cerca de 30% das mulheres após a menopausa. O estrogénio tem a sua responsabilidade. Mas não só. A massa óssea também é para aqui chamada.

A osteoporose é uma doença metabólica em que os ossos se vão tornando cada vez mais frágeis, mais porosos. O risco de fratura aumenta, sobretudo na anca, nos pulsos, na coluna vertebral, membros superiores. As mulheres são mais afetadas do que homens. O risco é cerca de três vezes maior no sexo feminino do que no masculino. Porquê? Há várias razões. Já lá iremos.

A osteoporose aumenta o risco de fraturas e atinge cerca de 30% de todas as mulheres após a menopausa – é, aliás, responsável por fraturas em 40% das mulheres nesta fase da vida. Em Portugal, 10,2% da população sofre da doença. Depois dos 50 anos, um terço das mulheres sofre uma fratura causada pela osteoporose.

No sexo feminino, a incidência de fraturas ósseas associadas à osteoporose afeta praticamente uma em cada três mulheres com mais de 70 anos, em algum momento da sua vida. No sexo masculino, um em cada cinco homens com idade superior a 50 anos sofre uma fratura de fragilidade devido à perda de massa óssea. De um lado e do outro, é um problema expressivo e uma limitação muito significativa do ponto de vista de qualidade de vida e independência.

A perda de massa óssea aumenta com a idade. Aos 75 anos, cerca de metade da população terá osteoporose

As mulheres sofrem mais. Porquê? Por várias razões. “Tem a ver, por um lado, com a geometria óssea masculina e feminina, que é diferente. Os ossos das mulheres são, habitualmente, de dimensões menores. Em regra, a média da estatura dos homens é mais elevada”, explica Eugénia Simões, reumatologista. Os ossos das mulheres são, habitualmente, mais pequenos do que os dos homens. Mas não é tudo. “O ambiente hormonal é diferente. A forma como se alcança o pico da massa óssea, entre os 20 e os 25 anos de idade, em que o osso é mais forte, é diferente em ambos os sexos. A puberdade da mulher é mais rápida, no homem é mais lenta”, refere a especialista do Instituto Português de Reumatologia.

Além disso, o risco de desenvolver a doença aumenta na menopausa. A pressão hormonal na mulher é mais expressiva. A diminuição e a perda de estrogénio quase total têm consequências. “Na mulher, há uma perda de massa óssea acelerada. O homem não tem essa equivalência, a perda hormonal masculina é mais lenta.” Por outro lado, as mulheres vivem, em média, mais tempo, o que aumenta a perda de massa óssea, aumentando assim a possibilidade de fraturas.

Os genes determinam grande parte do risco de osteoporose e não há nenhum teste genético para esta doença. Estudos demonstraram que se algum dos pais teve uma fratura, a pessoa terá maior probabilidade de sofrer de osteoporose. Eugénia Simões adianta que no pico da massa óssea 70 a 80% dos fatores não são controláveis, a genética sobrepõe-se ao controlo humano.

20% da perda óssea acontece nos primeiros cinco a sete anos após a menopausa

A osteoporose afeta a qualidade de vida, a mobilidade, interfere na estatura, pode levar à perda de capacidade respiratória. Há fatores de risco que não se conseguem controlar, mas há fatores possíveis de mudar. A alimentação é um dos principais aliados, passível de melhorar, para prevenir a doença. Os alimentos ricos em cálcio e vitamina D ajudam a melhorar a rigidez dos ossos, e os laticínios continuam à frente. O cálcio deve fazer parte da alimentação diária, mas é necessária vitamina D para que este seja absorvido.

Eugénia Simões salienta alguns cuidados importantes. Uma dieta rica em cálcio, vitamina D e exposição solar, fazer exercício físico ao longo da vida, e evitar consumos excessivos de álcool, de tabaco e de café (duas chávenas de café por dia apenas). A ciência confirma que a diminuição da atividade física e as alterações nutricionais podem afetar o metabolismo de forma negativa e contribuírem para a osteoporose.