O enfarte agudo do miocárdio (EAM) é uma das principais causas de morte em Portugal e o seu prognóstico está diretamente relacionado com o tempo de evolução entre o início dos sintomas e o tratamento. “Em Portugal, os doentes tendem a reconhecer tardiamente os sintomas de alerta e a atrasar a procura de cuidados médicos, comprometendo o seu prognóstico”, afirma Sílvia Reis Monteiro, coordenadora dos cuidados intensivos cardíacos da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), cardiologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.+
A saúde do coração em tempos de pandemia é fundamental. “A pandemia veio agravar este problema, devido ao medo da população de ser infetada nos serviços de saúde. Neste período, verificou-se uma redução das admissões hospitalares, um menor recurso ao transporte pelo INEM e um aumento do tempo de atraso até ao tratamento, responsável pelo aumento das taxas de mortalidade e complicações nos doentes com EAM”, revela.
O stresse, a hipertensão arterial, a idade, o consumo de tabaco, a diabetes e a obesidade são fatores de risco. E um dos principais sintomas é aquela dor no peito de intensidade e duração variável, habitualmente descrita como um aperto, constrição ou peso, que em alguns casos pode estender-se para os braços, costas e pescoço, podendo surgir acompanhada de suores, náuseas e vómito. Existem formas de apresentação menos típicas, como o desmaio ou a falta de ar súbita, mais frequentes em doentes diabéticos, idosos e mulheres.
O stresse, a hipertensão arterial e o colesterol são fatores de risco, que podem levar à obstrução das artérias do coração
A primeira manifestação de EAM pode não ser clara, pois os sintomas nem sempre são típicos de um enfarte, podendo ser confundidos com outras patologias, dificultando o seu diagnóstico. Os doentes tendem a reconhecer os sintomas e a procurar os cuidados médicos demasiado tarde, em média 140 minutos após o início dos sintomas, comprometendo de forma definitiva o prognóstico.
“Perante a suspeita de um EAM, é crucial ligar imediatamente para o número de emergência médica 112, por dois motivos essenciais: rapidez no diagnóstico e transporte em segurança para um hospital com capacidade de tratamento.”
Como prevenir um enfarte? Há muita coisa a fazer. Deixar de fumar. Reduzir os níveis de colesterol. Controlar os valores de pressão arterial. Otimizar o controlo glicémico, o açúcar no sangue, no caso dos doentes diabéticos ou pré-diabéticos. Adotar uma dieta saudável, semelhante à mediterrânica. Manter um peso saudável. Praticar exercício físico de acordo com a idade, o nível de atividade prévia e as limitações físicas. Gerir e controlar a ansiedade. Cumprir rigorosamente a medicação prescrita, durante os períodos definidos pelo médico assistente, de forma a evitar a descontinuação ou suspensão prematura.