Amália Rodrigues: não peças demais à vida

Amália Rodrigues, um mistério com 100 anos (Foto: DR)

Esta terça-feira, 6 de outubro, é dia de sessão de evocação do centenário do nascimento da fadista, no Panteão Nacional, em Lisboa.

Amália da Piedade Rebordão Rodrigues nasceu em Lisboa, viveu com Lisboa, morreu em Lisboa. No lapso de tempo de 79 anos que por cá passou, fez de uma canção de Lisboa canção do mundo, e essa proeza foi mais imensa entre as décadas de 1940 e 80 do que seria em 2020. Da árvore do fado em Amália também cresceram ramos de outras canções, da pop à broadway. Cresceu igualmente poesia, cinema. Quis-se vê-la como apêndice do antigo regime, mas a história vem revelando coisa diferente. Nem sempre é fácil escutá-la sem a muralha de ruído hagiográfico, protocolar, mitológico, de excesso de familiaridade, mas a depuração compensa. Dá-se-lhe o mote e a voz de Amália levanta voo, sem filtros. cinco anos antes de partir dizia que “O fado é um tipo de mistério que não se explica”. No caso de Amália, é um mistério com 100 anos.