Alexandre Poço: o rapaz da coca-cola

Alexandre Poço é presidente da Juventude Social Democrata (Ilustração: Mafalda Neves)

Dorme pouco, seis horas por dia. Adormece a ver séries e documentários. Não dispensa a coca-cola, um dos maiores prazeres, a ponto de ser marca distintiva apontada por amigos quando se lhes pede que o definam. Aprecia “pizza alla diavola”, velocidade “moderada” ao volante do BMW desportivo, “uma boa discussão filosófica”. É sportinguista, católico e do PSD. Incomodam-no a incompetência e a preguiça, mas, perante o erro ou a inércia de colaboradores, raramente explode. Sabe respirar fundo. “Sou diplomático.” E é também o recém-eleito líder da JSD, sucedendo a Margarida Balseiro Lopes, após vitória sobre Sofia Matos.

Na adolescência, praticou futebol e caiaque, foi escuteiro e acólito. Em 2007, tinha 15 anos e José Sócrates era primeiro-ministro. Influenciado pela mãe, que o obrigava a “ver as notícias”, descobriu a política e “o gosto de falar em público”. Fez parte da associação de estudantes da escola Luís de Freitas Branco, na Oeiras natal. Frederico Dias de Jesus acompanhou esses tempos. Colega de carteira, recorda um rapaz “muito dinâmico e empenhado”. Frederico, o melhor amigo, é militante da Juventude Socialista. “Temos as nossas discussões, troca de ideias mais ou menos acalorada, mas a amizade nunca esteve em causa.” Tanto mais que os liga um elo exigente – o Sporting. A 4 de setembro de 2009, Alexandre entrou na JSD. “Na JSD porque em casa me ensinaram que, se queremos subir na vida, temos de apostar na escola e no trabalho. Porque acredito na iniciativa privada, na liberdade ainda que complementada pela igualdade de oportunidades.”

A defesa do liberalismo económico foi-se acentuando ao longo dos cinco anos (de 2014 a 2019) em que foi consultor da PWC, depois da licenciatura em Ciências da Comunicação, a que juntou o mestrado em Gestão. Período em que foi consolidando o percurso político, como presidente da Concelhia de Oeiras, em 2013, e da Distrital de Lisboa, em 2016. Sofia Matos conheceu-o pouco antes, no congresso do PSD em Espinho. “Fomos apresentados por uma figura do partido da seguinte forma: ‘a próxima presidente da Distrital do Porto da JSD e o próximo presidente da Distrital de Lisboa da JSD. Como se imaginasse que um dia iríamos ser candidatos, um contra o outro.” Diz do adversário: “Esforçado, estudioso, bom coração”. Mas lembra as visões muito diferentes “que resultam até de maneiras de ser também muito diferentes” – “Ele mais sereno, eu mais assertiva e determinada”. Um liberal contra uma “social-democrata de gema”. A linha Montenegro versus a de Rio.

Em 2018 foi eleito vice-presidente da Comissão Política Nacional da JSD de Margarida Balseiro Lopes, única mulher presidente dos laranjinhas. Que não poupa elogios ao sucessor: “É competente, leal, trabalhador e agregador, qualificado, com um percurso profissional sólido”. É também, acrescenta, “muito calmo e equilibrado”. No ano seguinte, foi eleito deputado à Assembleia da República. Frederico acompanha o percurso. “É uma lufada de ar fresco para a Direita portuguesa. É uma pessoa de futuro para a política.”

Continua a viver em casa da mãe, figura referencial. “A minha mãe é a pessoa mais importante da minha vida. Sou um menino da mamã”, assume. Marcado pela perda do pai ainda na primeira infância, diz de si: “Tenho algum alheamento social, admito uma dose de egocentrismo, e a pouca emotividade. Não sou dado a estados de alma”. Balseiro Lopes corrige: “Tem dificuldade em lidar com a exteriorização dos sentimentos, mas que tem um lado emocional forte tem”.

Votou contra o fim dos debates quinzenais, desafiando Rui Rio. “Terá uma lealdade institucional com o PSD, mas irá honrar a autonomia da JSD”, avisa Balseiro Lopes. “É um bom quadro do partido, temo, no entanto, que seja permeável a pressões. Será um bom líder desde que cumpra a agenda da JSD e não a de pessoas próximas e que nada têm que ver com a JSD”, contrapõe Sofia Matos. Sobre o voto contrário à direção do partido, “um líder da JSD não é mais líder quanto mais vezes quebrar a disciplina de voto”. “Fez o mais fácil, o que poderia trazer mais votos. Nesse sentido, foi uma posição populista.” Curiosamente, Alexandre está a ler “Povo vs Democracia”, de Yascha Mounk.

Alexandre Damasceno da Silva Poço
Cargo: presidente da Juventude Social Democrata
Nascimento: 04/07/1992(28 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Oeiras)