Os sinais podem ser confundidos com outras doenças mais ligeiras. Cada tipo de linfoma comporta-se de maneira distinta e precisa de tratamentos específicos. Setembro é o Mês de Consciencialização sobre o Cancro de Sangue.
O linfoma é um dos cancros do sangue. Em todo o Mundo, todos os anos, mais de 735 mil pessoas são diagnosticadas com a doença, em Portugal esse número anda pelos dois mil, quase metade de todos os cancros do sangue. O Dia Mundial da Consciencialização sobre o Linfoma assinalou-se a 15 de setembro. Setembro é o Mês de Consciencialização sobre o Cancro de Sangue e a 22 é o Dia da Leucemia Mieloide Crónica.
Apesar dos números, os linfomas continuam a ser menos conhecidos do que outras doenças malignas do sangue. “Os linfomas são caracterizados pela multiplicação descontrolada dos linfócitos (um tipo de glóbulos brancos do sangue). O crescimento das células anormais dá-se geralmente nos gânglios linfáticos ou medula óssea e tende a propagar-se para outros órgãos”, adianta Isabel Barbosa, presidente da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL).
Aumento dos gânglios linfáticos, febre, perda de peso e de apetite, tosse, cansaço persistente, são alguns dos sintomas
Isabel Barbosa lembra que, neste momento, não há testes de rastreio para linfomas e que os seus sinais e sintomas podem ser confundidos com outras doenças menos graves, como uma gripe ou uma infeção viral. “Alguns dos sintomas mais comuns são o aumento dos gânglios linfáticos na zona do pescoço, axilas ou virilhas; febre sem causa explicável; perda inexplicada de peso e de apetite; cansaço persistente e falta de energia; suores durante a noite; fadiga; infeções de repetição e falta de ar e tosse.” Em casos de doenças menos graves, estes sinais não duram muito, mas nos linfomas persistem com o tempo. E é preciso ir ao médico.
Os sintomas que cada doente apresenta podem depender das partes do corpo afetadas e do tipo de linfoma. Existem mais de 60 subtipos diferentes agrupados em linfomas de Hodgkin e linfomas não-Hodgkin. Os linfomas não-Hodgkin são identificados pelo tipo de células afetadas e pelo tipo de crescimento.
Os diferentes tipos de linfoma comportam-se de maneira distinta e precisam de tratamentos diferentes. “Nos últimos anos, têm aparecido novos tratamentos de quimioterapia e imunoterapia para os linfomas, levando a que haja esperança no sucesso e controlo da doença”, revela a presidente da APLL.
O Linfoma de Hodgkin é um dos tipos de neoplasia com maior taxa de sucesso. Cerca de 75% dos doentes, particularmente os mais jovens, ficam curados
O linfoma de Hodgkin é um cancro do sistema linfático que se distingue de outros tipos pela presença de um tipo particular de células cancerígenas. Pode afetar pessoas de qualquer idade, mas é mais frequente em jovens adultos, com idades compreendidas entre os 20 e os 30 anos, e em adultos com mais de 55. Este linfoma pode ter origem em diversas zonas corporais. No entanto, os locais mais frequentes são o tórax, o pescoço, as axilas.
O primeiro sintoma deste tipo de linfoma é, muitas vezes, uma tumefação, que, regra geral, não causa dor. Representa cerca de 10% dos casos de linfoma diagnosticados e, no nosso país, estima-se que surjam cerca de 300 novos casos por ano. O plano de tratamento é escolhido com base em vários fatores, nomeadamente a localização do linfoma, o seu estadio, o estado geral de saúde do doente, os resultados de análises ao sangue e exames de imagem.
Em setembro, as associações de doentes Têm maior oportunidade de informar e consciencializar os doentes, familiares e população sobre as doenças malignas do sangue
Segundo Isabel Barbosa, “para os doentes, viver com linfoma, mesmo após ter sido tratado com sucesso, deixa algumas preocupações e dúvidas quanto ao futuro, nomeadamente o medo de recaída da doença, a fadiga que condiciona o dia a dia e, em alguns casos, o seu isolamento social”. Os doentes, além do apoio dos profissionais de saúde, “encontram nas associações de doentes outras pessoas para falar sobre estas incertezas e tentar melhorar a sua condição e qualidade de vida”. “Desta partilha de experiências criam-se fortes laços de amizade e novos grupos de entreajuda”, refere.
Este ano, a pandemia condicionou os cuidados prestados aos doentes oncológicos, nomeadamente aos doentes com linfomas, que enfrentaram mudanças nas idas aos hospitais, incertezas quanto aos tratamentos e o aparecimento de novas necessidades de proteção contra essas infeções. “Confia” é o lema da campanha lançada pela APLL para assinalar a data dedicada aos linfomas. “Através desse mote, a associação pretende apelar à confiança nos profissionais de saúde, que podem apresentar as melhores soluções terapêuticas a adotar nas atuais condições”, diz a presidente da APLL.